25 de dezembro de 2007
21 de dezembro de 2007
Fim de tarde
Então, meu bem, decida-se. E descubra, talvez, que isso tudo não passou de brincadeira.
Sem gracinha, sem papinho.
17 de dezembro de 2007
Reforma íntima
Nem sei se é o final de ano.
Ou a viagem que se aproxima.
Sei não, se passo o natal com o pai ou com a mãe. Talvez sozinha. As crises passaram. O pânico ainda está aqui, mas... quer saber? Não ligo mais. Estou fechada para uma série de reformas. E a primeira delas é a consciência.
Juan viajou para a alemanha. Michelle sumiu. O eder ainda está no gtalk. A alegria comentou no outro blog. A dudu mia alto querendo atenção. A simoner vive reclamando que eu marco de ir na casa dela e não apareço. Não terminei as fotos que pretendo entregar sexta. Trabalharei no domingo. Quinta encontro muitos queridos e amigos no buteco. Sinto falta da kassi. Do cachorro quente com o chico. Das bobágens com o andrezinho. Das fofocas com a luíza. Li todos os livros que pretendi ler esse ano. Não comprei muitos como queria. Aumentei, exponencialmente, a minha lista de música (o que me deixa absurdamente feliz!). Escrevi muita coisa, muitos contos, anedotas e linhas. Me senti viva. Comprei um vestido novo, roubei uma mini-saia da kassi. Baixei música pra dedéu. Assisti a maioria dos lançamentos no cinema. Aluguei mais da metade dos lançamentos da locadora. Passeei com a laika um bucado de vezes. Tomei café da tarde com a família Fettermann. Fiz piada do rafa e da mel. O rafa me convenceu a ir num seminário de muay thai e eu achei divertido. Vou ter uma irmãzinha que se chamará Maria. Comecei uma coleção de sapatos. Estou morena da cabeça aos pés. Cortei o cabelo, virei menina. Trabalhei para a minha mãe. Conheci gente nova. Me apaixonei pela vida. Encontrei Luiz. Me aprofundei em mim...
Estou me dedicando a morte. Sim, como algo bom. Mato a velha yoko aos poucos, para enfim, renascer. Limpo a sujeira de uma vida inteira. Construo uma nova concepção de mim. E fico feliz. Por crescer, por me dedicar a um propósito que sei: dará certo.
Sei o que é necessário fazer. Estou me organizando aos poucos. Descobrindo o meu papel. Sendo uma boa anfitriã de mim mesma. Reconstruindo a casa interna e parando de sonhar com tijolos de má qualidade.
Enfim... mais feliz, mais eu.
Bom fim de ano pra você também!
12 de dezembro de 2007
Zeus, abre a porta do céu
Um dia de cada vez faz parte de uma receita infalível. Pena que a Resistência esteja aí para atrapalhar.
=/
11 de dezembro de 2007
Lá dee dah ~
Se eu soubesse que era só praticar, já teria me tornado feliz há muito mais tempo.
Obrigada aos três escudeiros-mor e ao coração.
27 de novembro de 2007
Luto literário
Não aceito, não aceito, mil vezes não aceito!
Depois de dez anos acompanhando a série de livros do Harry Potter, chego a última página do Relíquias da Morte com lágrimas em meu coração. É o fim. Mas tudo bem, a literatura infanto-juvenil agradecerá J.K. pelos próximos anos, por ter produzido tão ávidamente sobre a vida deste personagem. São bons livros e foi uma ótema leitura.
22 de novembro de 2007
19 de novembro de 2007
Diálogos de Cozinha
- Não, meu bem. A expressão corretas é: Vá plantar Batatas"
"- Não mesmo. Vai demorar!"
" - ¬¬'"
9 de novembro de 2007
8 de novembro de 2007
2 de novembro de 2007
UTI
Eu era uma criança de sete anos. Não sabia da força e significado da palavra morte, ou até mesmo da raiva que sentia e chamava de ódio.
Agora oramos em uníssono para que melhore. E que finalmente saia de seu estado doente e venha para nós com o mesmo sorriso que sempre usou. Para os outros ela é uma. Para mim? Sempre será a Tia Carla, a mãe da Mel e boa pessoa.
Em abril eu pedia a Deus para que permitisse um pouco mais de tempo para poder amar a minha mãe. Agora peço para que a Mel e a Mirna tenham o mesmo privilégio.
Que assim seja...
31 de outubro de 2007
27 de outubro de 2007
Detalhes
22 de outubro de 2007
Sem solução
De uma maneira ou de outra, uma vez, tem que se acreditar nos fatos presentes. Ao contrário dos magníficos sonhos de prosperidade.
Enfim... tudo tem sua compensação. Um ótimo final de semana, uma ótima companhia e um coração para acalentar.
amor, com amor se paga...
9 de outubro de 2007
Internet
Só porque eu nunca disse que era legal.
3 de outubro de 2007
Mr. Heartbreaker
babe, wrong number.
30 de setembro de 2007
26 de setembro de 2007
Desencanto
Pobre lua.
Tão bela e solitária. Aquela que conforta amantes e mata aos poucos os tristes.
Amor, eu lhe pergunto: O que aconteceu com o silêncio? Aquela sensação reconfortante de estar acompanhado. De ver as estrelas te iluminarem os olhos. O sabor daquele sorriso que, infelizmente, não era para mim. Eu te amo. E ainda não sei bem o porque.
17 de setembro de 2007
Grávidos
A cegonha chega em maio de 2008.
Esperar sete meses para ver um antigo sonho vir a tona. Um menino? Futebol. Uma menina? Alegria das três que já passaram pelas transformações da vida.
Agora só me resta virar tia em 2009. Mas este desejo ainda está na etapa do planejamento. Espero sentada.
27 de agosto de 2007
30 de julho de 2007
Páginas Amarelas
M. B. H., 22 anos sobre infecções urinárias
"Se tudo der errado, irei para aruba viver de turismo sexual."
Y. M. T., 22 anos reiterando a respeito de seu sonho de (des)consumo
..............
"Anedotas frescas é que nem bixa. Se bobear tamo pegando."
sigla indisponível no momento para evitar danos maiores.
............
"Grande feirão semanal: Aluguel de corpos usados. Com salas, quartos e coisinhas multi-uso. Tratar com a proprietária."
............
Constatação fabulosa: As anedotas só sobrevivem com o auxílio direto [eu disse direto] de boleiras de caminhões. Entenda como quiser. Mas coma rápido antes que acabe.
~ Uhuuuu, internete bôa é internetê na casa da mimi ~ uiiiiii!
16 de julho de 2007
Passado que denomino rabiscado. Imaturo, cego, cretino. De tal ponto, com tamanha injustiça, que nem cem mil palavras de conforto retirarão do peito esta injuria. Dez anos se passaram. Tantos foram aqueles que ajudaram. E mesmo assim, o menino ainda não percebeu o que aconteceu. Talvez, nem eu mesmo, adulto, posso chegar a precisar um pouco do que um dia foi presente.
'Sou um ser concomitante.' Esta frase não é minha. Mas é como se fosse. E felizmente, posso dizer que a partir desta realidade multilateral, chegamos aqui. Próximos dos Seis. E cheios de um real-quase-nada que aquece. Mas não transforma. Chego ao tal um terço da vida, acreditando piamente que dormi boa parte do percurso. E sem sofrimento. Pois, se ibernei nos últimos três, é porque nada de bom deve ter se passado por aqui.
Mais um ano, e fim. E, aí que a coisa toda começa. E depois, quem sabe um tal de trinta anos com cara de vinte e três.
Inté saudade.
25 de junho de 2007
Não mesmo, quer saber?
Sim, aqueles com sola de borracha e mola amortecedora de impactos. Além de confortáveis, proporcionam momentos de prazer e deleite incríveis quando resolvo tirá-los do meus pés. Minha marca predileta é allstar converse. Como a maioria daqueles que sofrem da mesma idade que eu. Não sou tão jovenzinha assim como falam. Também não passei dos trinta. Tô na fase intermediária. A mesma que muitos (bem-aventurados) estão, e que se vangloriam tanto a ponto de espancar pessoas em paradas de ônibus. Disso eu não gosto.
Mas tem muitas outras coisas a mais no universo que me incomodam. Uma delas é a combinação do calor plus (vulgo +) falta de sorvete de brigadeiro. E eu adoooro brigadeiro. Um dos pecados que me fazem lembrar do simples fato de estar viva. Aí eu volto pro início. Sabe como é, né? Respirar, não sentir dor, caminhar tranquila, dirigir meu carro sem problemas aleatórios e de causa acidentalística.
Sim, sobrevivi a um deles. E sim, eu gosto de inventar palavras. Mas não vem ao caso. Desta vez, aquele 'acaso', bem maltratado pelo tempo e desgastado pelo próprio significado, não conseguiu me pegar de jeito. Nem a mim, nem a ela. Acho que isso vai nos fortalecer. Sei não.
Também me pergunto se isso é um bom sinal providencial e divino sobre como eu devo me portar (ou melhor dizendo: me comportar) diante as vicissitudes da eternidade de uma vida só (grande não?). Já que a franquia do carro passou dos três zeros antes da vírgula. Porém, como tudo na vida (e hoje estou falando muito dela), me proporcionou uma nova maneira de ver e sentir o tal do 'viver e aprender'. Ou talvez, de não perceber como influencio diretamente na minha saúde mental e física.
Vamos aos exemplos práticos e rápidos: aprendi que quando uma pessoa me pede um favor eu devo pensar quinze vezes antes de dizer sim. Independente se é apenas para passar uma fase do Mário Forever ou levar um objeto de um lugar a outro sem acidentes. Pode ser perigoso para os pedestres e motoristas de plantão.
E por falar em acidente, acabo de me recordar que além de causá-los a torto e a direito, eu também sou fruto de um. Ou talvez não, mas não discutirei religião aqui. Afinal, não durmo direito tem mais de quatro dias. Minha ansiedade ainda me acompanha. E inventei de ler cinco livros de uma vez! Se é que isso, ou o resto de tamanha insignificância, importa para você.
Enfim... Esta , além de ser uma das palavras que mais gosto, soa bastante agradável em qualquer frase. Se bem que não é utilizada da forma correta. Mas confesso que não compactuo deste crime sozinha! Tanto eu quanto o resto dos brasilienses universitários a usam. Mas... quem se importa. Nem ao menos me perguntaram se conheço a forma correta de utilização das reticências!
Ninguém perguntou nada mesmo. Nem se aquele acidente de verdade, envolvendo terceiros, quartos e quintos me fez acordar de vez para a realidade da terra dos Homens adultos e Racionais ou me fez adormecer de vez no Planeta das Amoras Estelares.
Quer mesmo saber? Eu gosto de amoras. E já é tarde para uma moça da minha idade ficar acordada. Passar bem e tenha uma boa noite.
21 de junho de 2007
Sobrevivi
Mimi te amo.
Desculpa tentar te matar, mas te amo muito e nao quero que você morra de verdade, hein!
Não era a intenção.
Se bem que ia ser bem legal morrer do lado de um dos meus maiores e eternos amores. Que lindo. Teriamos caixões coloridos. E nem precisariamos nos preocupar em faltar o enterro da outra. Afinal, nosso velório seria na mesma capela. Que mórbido...
E um outro te amo pro luiz (que perdeu o carro). Pra minha mãe, pro meu pai, pra yara, pra mel, pro juan, pro chico, pro laurok, pra carlinha, pro meu padrinho, pro vô João... E pra todo mundo que eu amo muito e que me faz ficar bem, mesmo depois de quase me matar...
Isso nao é um post emo de despedida. E sim um breve relato de quem é feliz por estar vivo!
10 de junho de 2007
Comida
Enquanto isso a pressão arterial de minha irmã quase-já-era-falecida Yara está só aumentando e meu pai resolveu rabugênciar (mas eu o amo mesmo assim). A mel também faz falta, mas ela é boazinha de mais pra qualquer reclamação adicional de minha parte.
Isso tudo é mais conhecido na praça como disritimia familiar.
P.s: Os contos que me sobraram da era criativa estão na geladeira esperando uma bôa oportunidade de postá-los. Quando a paciência (e o namorado), voltarem eu coloco aqui.
The Blues are still blue
Eu tenho um mural real. Fica nas três portas do meu guarda-roupa grande. Tem tudo isso e mais um bando de adesivos pregados. Mas só eu vejo. Não tem tanta graça. Minha mãe vive reclamando que eu guardo tralhas de mais. Acho que ela tem razão.
Fiquei com uma vontade enorme de colocar todas as fotos de flores que já tirei na vida, aqui na minha parede virtual. Essa aí é de setembro/06, com fotometria bôa (uma das melhores que já consegui), sem photoshopo e com um Dof (Profundidade de campo) ótimo (apesar de ter usado uma 18-55mm).
Fiquei firulenta. Boba até. Só por causa daquela música que não sai da cabeça, nem do winamp, tão pouco do last.fm. Porque diachos eu inventei de escutar Belle e Sebastian naquele inverno com cara-de-saara lá de taguá, no ano de 2000? Minha vida, com certeza, seria mais monocromática.
Então, yoko escuta quinhentas mil vezes a mesma música. E não cansa!
Belle and Sebastian – The Blues Are Still Blue
boa noite...
8 de junho de 2007
Felizinha pra dedeú
[módulo diário ON]
Saudades. Saudades. Saudades. Saudades. Saudades. Saudades. Saudades. Saudades. Saudades. Saudades. Saudades. Saudades. Saudades. Saudades. Saudades. Saudades. Saudades. Saudades.
7 de junho de 2007
Obrigado, amor
Por tudo ser perfeito. Pelo céu bonito todos os dias. Pelas receitas de amor. Três.
Tem músicas que falam, com a facilidade da língua dos poetas, o que aqui dentro responde por coração. Alguns de nós, tentam em vão, buscar um significado especial para esta palavra, que de tanto uso, entrou em desuso. Outros conseguem cantá-la sem preconceitos. E muitos transcrevem em linhas de luz e sombra este sentimento.
Digo então duas palavras, que costumam andar juntas quando são compreendidas. Aos queridos quatro (Você: um, dois, três e quatro) digo: obrigada e vos amo muito.
E, aquele que não consegue enxergar a plenitude que as flores trazem, só consigo imaginar uma palavra: lamento. Por você ser assim, por não conseguir crescer, por não poder perceber que isso é pra sempre.
Adeus.
6 de junho de 2007
According to my e-mail list
-
"Na atual Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10), o Transtorno Delirante Persistente é caracterizado pela ocorrência 'de uma idéia delirante única ou de um conjunto de idéias delirantes aparentadas, em geral persistentes e que por vezes permanecem durante o resto da vida'. Também conhecido como paranóia, diferencia-se de outras psicoses pela união dos delírios em um contexto organizado, lógico e até verossímil."
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and sheeps goes to heaven, goats goes to hell...
1 de junho de 2007
Um Exercício gostoso de Coisificar Pessoas
Não havia ninguém que não gostasse do seu jeitão de resolver as paradas. E ele sabia muito bem o que fazia e a relevancia de levar o conhecimento aonde fosse. Seja no trabalho de escritor (e ele era um bom escritor), ou ainda distribuindo panfletos na rua (ele também era bom nisso). Tinha os do contra, aqueles que torciam para que algo desse errado, ou que 'alguem' quebrasse a perna no meio fio. Mas Huguinho nao ligava para eles. Nao aparentemente. E isso era bom. Em partes. Mas nao discutiremos isso aqui. Nao é importante.
Hugo queria salvar o mundo. Não só da ignorancia que o cerca, como pela proteção de Gaia. Como uma mulher, a terra de canela é vista por ele com uma importancia devida. Quer protegê-la. É o seu melhor cavaleiro. E com a sua própria espada ele vai de encontro a aqueles que nao a querem bem. Sempre em guarda, o rapaz ajuda os necessitados com ideia imaginativas e belas construções filosóficas do que é ser um Humano. Pena que ele nao se classifica muito como um, mas sabe que é.
Durante muito tempo, os dias eram ensolarados e as noite um pouco frias. A lua cheia era uma inspiração aos mais apaixonados, e Huguinho era um deles. Sempre olhava pra ela como a uma mulher. Aquela que um dia, provavelmente, iria encontrar. Sem pressa, sem pressões. Cada garota, cada momento poderia ser 'aquele'. Mas para toda busca incessante tem sempre os escudeiros do cavaleiro, e Hugo tinha vários.
Dentre eles se destaca o Cavaleiro Louco. A alcunha veio de uma conversa calorosa sobre a Távola Redonda. Enquanto Hugo, que gostava muito de sacerdotes, se proclamara o bardo do grupo, o Cavaleiro optou por não ter um nome dentre os homens de Arthur. Sei porque nao. Muitos dos amigos preferiam chamá-lo de bravo Galahad, mas ele nao gostava. Na busca do Graal de Hugo, o Cavaleiro Louco era o mais afoito. Queria ajudar o amigo tanto quanto ele o ajudara com sua amada. E talvez, o graal nem fosse mesmo uma pessoa. A busca era um algo com 'quê' Filosófico do que uma caçada a donzela da floresta.
Hugo é afortunado, e o mais engraçado, é que ele sabe disso. Desde muito jovem, livros, nanquim e papel era o que precisava para ser feliz. Quando chegava, os meninos se orgulhavam do amigo, enquanto as garotas suspiravam e sonhavam em ser a tal donzela. Mas isso nao vem ao caso. O caso é que Huguinho sempre salvava o dia. Podia ser com um sorriso, ou até mesmo com uma palavra aspera. Ele sempre sabia o que falar.
Um dia, qualquer um deles, ele resolveu ser ajudado. Nao pelo Cavaleiro Louco, nem por nenhum dos meninos do grande grupo que formara havia anos lá na escola. Desta vez foi por uma Cachinhos Dourados. Era uma amiga tao afortunada como ele. Alegre mais que a Pollyanna do livro da Eleanor. Sempre contente com tudo e querendo levar o bem a todos. Mesmo que esses 'todos' nao o quisessem. Mas no fundo todo mundo quer... Era um bem que poderia transformar os dias ensolarados e as noites frias de luar em um jornada mais confortável pelas terras áridas do cerrado.
Ele nem sabia que precisava. Ninguém sabe quando precisa de ajuda. Só precisa. E com Huguinho nao foi diferente. Era fim de tarde. O céu estava começando a escurecer por conta da chuva que vinha rápido. Ele nem iria ao encontro da amiga, mas resolveu ir. Ele confiava na magia, e principalmente na sabedoria que tanto buscava nas coisas. E se o mundo gira, porque nao acompanhá-lo.
E foi assim que o conheci. O nome dele nao é Hugo, e sim Luiz. E a tal busca do Graal nunca chegou a existir. Mas passo o maior tempaozao pensando em coisas bacanas pra dizer pra ele. E em como o mundo, que é cinza e está sendo destruído pela humanidade, se transformou em algo diferente. É um algo que só quem acompanha o crescimento dos outros com atenção, pode perceber. Não são nuvens cor-de-rosas no final do dia, nem palavras sem emoção. É um algo que procuro guardar só pra mostrar pra vocês.
Se chama: escrever...
25 de maio de 2007
Uóooon
Iracema já estava meio cansada. Os últimos dias no hospital nao lhe trouxeram a saúde de volta. Mas alguns exames estavam marcados, e enfim, ela sai deste para outro Hospital, mais para o centro da cidade. De todos os transportes que a garota de vinte e todos anos já se utilizou, ambulancia deveria ser o mais interessante. O 'passeio' seria no mínimo fantastico. Ou quase isso.
Quando pequena, Iracema, andava de caminhão. Na boleira mesmo, sabe. Gritando com os muleques e rindo do vento no rosto. A falta de ar nao atrapalhava, até entao. E ela podia se divertir como qualquer outra criança. Mas os anos foram se passando, e andar lá atrás começou a ser perigoso. Entao, foi na frente mesmo. Conversando com o tio motorista e se divertindo, só pra variar.
Na adolescencia, para poder ir ao hospital, tinha de pegar ônibus ou vans fétidas. As vezes era meio lotado lá dentro. Com gente suada e crianças melequentas. Mas aí nao tinha muito problema. Ela sempre estava acompanhada da irma menor, e sair de casa era sempre uma diversao. A responsabilidade já batia a porta da idade. E ela tinha de inventar estórias durante as viagens da Ceilandia para o Asa Sul. Era engraçado como Iracema conseguia contar pequenos causos com simples instrumentos: nuvens, fios dos postes e muita imaginação.
Com isso, a pequena irma começou a tecer sua propria teia de possibilidades. E começou a gostar desse negócio de contar coisas para os outros. E foi aí que a presença das nuvens ajudou a suportar o dificil trajeto de ambulancia de um hospital a outro. A sirene nao foi ligada. E o motorista tentou em vao nao passar por muitos buracos. Era preciso seguir sem o balao de oxigenio. Foram tres horas de autocontrole evitando assim crises sintomáticas da doença respiratória.
Dentro da ambulancia haviam quatro passageiros atras e um na frente. Dois eram doentes, e os outros dois acompanhantes. O ultimo era Ângela, a enfermeira bacaninha do hospital. Era legal andar lá atrás. Claro, que nada se compara aos passeios no caminhao do Tio Adjuto ou ainda nos ônibus e vans. E nem um pouquinho parecido com o conforto do carro do pai, mas vamos se imbora que o hospital nos espera.
Nao era como nos filmes. Nao haviam bombeiros saradoes e enfermeiras 'gente finas' pra ajudar em alguma coisa. Haviam sim tubos para aplicação de oxigênio nos doentes sem utilização, uma maca com o colchão rasgado, lençois sujos de poeira, bancos laterais para a equipe médica inexistente e, por fim, cheiro de vomito com gasolina. Foi engraçado, Iracema tentando se controlar, a irma preocupada em segurar uma cadeira de rodas, a maca, a irma doente e atender o celular.
E volta e meia a pobre grita: 'Socorro que é hoje que eu vou'. Vai nada. A moça ainda tem aqueles mesmos vinte e poucos do qual falei no inicinho. Nem terminou a faculdade. E quando a noite cair novamente, as músicas que embalaram os contos fantásticos da garota tocarem na radio, o filme da Disney passar sábado de manha na tevê, e por fim, a saudade de ver Alice bater beeem forte, Iracema já estará de volta. Para mais uma crise quase morte. Então volta! Volta pra gente Iracema! Que cê faz uma falta de um tantão....
23 de maio de 2007
Dormindo no Hospital
Severino é um senhor bacana e nao tem pinta de bacana. Ranca a roupa, mija na calça e come as fraudas. O tempo todo tem neguinho e branquinho gritando no corredor: '- Vai pra lá, Severino!'. Mas ele nao vai. Tem muito o que fazer ali. Já tentaram de todas as formas, descobrir de onde diacho o bicho veio. O que se sabe é que no domingo ele baixou por lá de carona com os bombeiros. Tava como naquela velha música de vitrola: maltrapilho e maltratado. O mais importante é que ele tava com saúde. Ou quase isso.
O quadro de desnutrição era grave. Muito magro, Severino nao soube nem o que por ali fazia. Toda hora levanta e aí é um fuzuê danado. E lá vem gente gritando: 'O home nao queta!' Antonte de madrugada inventou que queria comprar pao. Iracema foi logo reclamando: "se aquete, home! Tem pao qui nao!". As enfermeiras ficam danadinhas quando o veem dançando no corredor. "Gosto mesmo é do Cauby, mas tem quela música do moacyr que num sei de cor, mas é bôa". E lá vai a valsa maluca de enfermeiras, médicos e seguranças pelo corredor pra fazer Severino ficar quietinho na dele.
No hospital os doentes e internados são o que há. Dos mais afoitos pela cura milagrosa, e rápida (diga-se de passagem), a funcionários mal-humorados e cheios de trabalhos. Os guardinhas são os que mais sofrem, com reclamações dos que ainda estao para entrar e pedidos de socorro contra Severino. E eles já conversaram tanto, com nosso personagem. Tem hora que parece que finalmente descobrirao de onde o homem é. Mas aí, severino guarda uma na manga e deixa a todos muito consternados.
Já falou que morava no Recanto (o das Emas), na Samamba, no Gama, em pirinópolis... Ops, este lugar ele ainda nao falou. Mas com certeza vai falar. E como fala! Homem de Deus, que severino não deixa a pobre Iracema dormir. E quase que a vaca foi pro brejo na noitinha de segunda. O velho chegou de mancinho por trás da maca de Iracema e começou a cutucar a onça com vara curta. Puxou o soro, pegou as chinelas cor-de-rosa, fez até xixi no pé da cama. Mas aí Regiany, que estava de plantao, o pegou pelo braço e ameaçou: "Ou queta, ou vai pro banho!". E nao é que deu resultado!
Mas alegria de pobre dura pouco, e severino teve alta na terça a tardinha. Muitos gritaram graças aos céus por terem protegido o resta da semana, das malcriações de uma criança com barba. Outros preferiram se abster de comentários, que certamente, estavam cheios de malidicencias. Enquanto uns e outros sentirao saudades do rapaz, que alem de mal cheiro, trouxe um pouco de diversao para as tardes monotonas daquele Hospicio. Perae, olhe lá! E nao é que Severino, que de nordestino nao tem nada, já voltou do cangaço e deseja repolsar! Vê se pode? Hospital virar dormitório, vê se pode...
21 de maio de 2007
Fui ali e volto não
um...
... dois
... e, e, e!
aaah, desisto.
--
"A gente todos os dias arruma os
cabelos; por que não o Coração?"
Provérbio Chinês
15 de maio de 2007
Invisíveis somos nós
Foram dois dias do mês de abril. Duas exibições no mesmo auditório, o do bloco K da Universidade Católica, uma de manhã e outra a noite, mas que mexeram com o conceito do nosso papel na comunidade. Mexeram? Sim, e pretendo apresentar o porquê. Fui convidada para a primeira sessão, a de terça de manhã. Já havia assistido ao filme, acompanhado na mídia as matérias sobre o livro de Fernando Braga – que inspirou o filme -, debatido com colegas sobre como passamos despercebidos por uns, enquanto outros nos percebem. Mas confesso que assistir novamente, desta vez como convidada, foi uma experiência nova.
Resultado: me empolguei tanto que resolvi aparecer na segunda exibição, para preencher as cadeiras que poderiam estar vazias. Mas, felizmente, não estavam. No curso de comunicação, durante estes últimos quatro anos de estudante, vi pouca gente se mobilizar para assistir um filme do Cine Br, ou ainda para participar de debates sobre uma ou outra disciplina sem necessariamente estar correndo atrás de faltas ou pontos extras dos professores. Este ano de 2007 tem me assustado por isso. Muita gente começou a ‘aparecer’, sair do anonimato dos corredores e ser um atuante no curso que escolheu e na vida que pretende levar como comunicador.
Talvez seja por isso que a reação depois do filme se tornou marcante. Era evidente nos rostos de cada pessoa, a transformação obtida através da análise que aquela rotina apresentou. No filme, dona Irene, seu Nilce, Fernando e dona Maria não atuaram como personagens, foram entrelaçados em nossas vidas. Ali na tela grande, eles foram percebidos. Não eram apenas garis, mas pessoas dividindo com câmeras um dia de trabalho, os preconceitos da profissão, além de um pouco de si mesmos, como num divã. Só que, desta vez, o médico está representado nos milhares de espectadores.
O convite dos alunos foi dirigido a quem estava por perto, mas que por uma razão ou outra não é devidamente notado. Na primeira sessão os alunos se esmeraram convidando muitos funcionários da limpeza, que provavelmente, nem eles haviam percebido que tinham um nome e história. Esta última muito bem relatada pelo tão querido “tio da pipoca”, que compartilhou sua experiência de ter uma alcunha, mas de poucos saberem o nome. Parentes e pessoas próximas também estavam lá, como a Sueli, pedagoga e secretária do curso, que presenciou a entrada e saída de diversos alunos. Tantos invisíveis que não poderiam caber em uma lista. Pessoas que preferiram serem 'sem nomes', enquanto outros muitos buscam o próprio lugar.
A partir de hoje, talvez, muitos dos que assistiram ao filme O Homem Invisível poderão olhar para o colega da sala de aula que nunca atreveram a perguntar o nome, e sorrir. Verão que a “tia” que faz a limpeza no corredor do CRTV no turno vespertino se chama Sônia. Saberão que Liberato é o nome do tio da pipoca, e que talvez o nome da professora de Elementos de Realidade Regional e Brasileira, disciplina do quarto periodo do curso de comunicação da Católica, que passou um semestre inteiro a ensinar e mostrar novos caminhos do cotidiano se chama Ivany. Veremos.
13 de maio de 2007
=)
Viva o sol, viva a banda larga, viva os golfinhos \o/
e feliz dia das mães.
(módulo diário ligado por tempo indeterminado)
11 de maio de 2007
Onziii
razões?
primeiro) subscribe a palavra enterro aqui dentro e chacoalhe.
segundo) definitivamente este não foi o meu melhor dia.
terceiro) felizmente continuo andando com as melhores pessoas.
quarta letra) um dia, talvez, eu ainda salve o mundo.
constatei: não sou tão sarcástica quanto imaginava. sou melodramática, babe!
produto: algo simples e completo salvou meu dia. E, literalmente, hoje dormirei de janela aberta. ó gósh, Save Pan and a better life for me, hey!
8 de maio de 2007
Firulenta
Eu-te-Amo nao é bom dia.
Não costumo dizer a tal palavrinha o tempo todo. Julgo mal (para não dizer péssimo!) as pessoas que a utilizam de má vontade ou de uma forma exasperada. Como se houvesse necessidade de aceitação mundial do tipo: eu falo eu te amo e você me aceita no mundinho mediocre que lhe envolve. Ou ainda, como se a simples pronúncia tornasse as pessoas mais amistosas e felizes. E eu, definitivamente, não gosto de pessoas felizes. Elas me fazem mal, me dão azia, (ou pior), me dão asco de compartilhar o mesmo ar.
Apesar de tudo isso, engraçado pensar que fico toda boba e pareço mais feliz que a Pollyanna do livro só porque você (um), você (dois) e você (três) não se importam em dizer essa palavrinha mágica que me comforta tanto. Mesmo na chatice, na inquietude ou (ainda) divergência que me consome e transforma (everyday). Apesar de últimamente não transparecer muito ser eu (má) mesma. Acho que estou virando moça, ou algo ainda pior, estou mais feliz do que imaginava algum dia me tornar.
*E tumbém porque ontem, você (quatro) entrou pro seleto grupo.
ó gósh, now i am became a banana!
Combino eu+eumesma e dá nisso
tão saborosa que parece até tempero.
sal.
a gosto.
café-nicotinado?
tão viciante quanto qualquer esfumaça que os outros possam produzir.
música.
habita-me e só.
e no final das contas tudo parece ser "uma combinação mortífera de delícia com coisa boa".
6 de maio de 2007
Sele Santos Campeao!!!!
tá certo que estes últimos dois jogos foram péssimos pro Santos, mas campeao é campeao.
5 de maio de 2007
Maio Chegou
Senti sua falta. Muitos foram os motivos. Talvez porque esta casa fica tão vazia sem sua presença. Ao acordar de manhã, ver-me no espelho e perceber o quanto quero ser parecida contigo. Nestes dias funestos, eu levantava e nao tinha motivos para ter um bom dia. O café gostoso, que só você faz, tava muito doce ou muito fraco. Era feito por outros. A concentração habitual fora parar nas cucuias!
Foram onze dias no hospital. Sem você pra brigar comigo, pq nao te dou muita atenção. Vendo foto de quando viajamos juntas e sentindo o seu perfume (o mesmo que eu uso). Com isso, fiquei vazia. Mesmo sabendo que quando você foi parar naquele lugar, nao havia muita preocupação, mas mesmo assim me sentia preocupada.
Como foi bao te buscar ontem. Ver que a camisola do hospital tinha ficado pra traz e só dia onze você voltará a vesti-la, para depois nunca mais. Sei que depois que tudo acabar, você vai voltar pra casa e correr direto pro trabalho. Como fez hoje. Mas que o café da manhã vai voltar a ter o seu cheiro, e o banheiro também irá. Bão mesmo é acordar no domingo escutando aquele devd do Dire Straits que a senhora sempre coloca de manha cedo. Como é bão ter uma mãe. E sentir falta faz ter certeza que a minha é tudo pra mim. E sempre será.
20 de abril de 2007
A luz do Lampião
Ele começa a narrativa através dos fragmentos da memória que aos poucos se esvai. Meu receio é de que muito do que foi vivido não mais seja possível transcrever. Mas continuamos. Durante a entrevista, suas palavras marcam a ferro e fogo o que dentro de mim consome como uma chama de um simples lampião. E então subitamente o velho me desarma: “como poderei saber se o que a palavra que emprego agora continuará sendo minha após este momento?” Não tenho resposta. Contudo, estória e histórias são frases, pontos e vírgulas que pronunciamos na vontade de que algo se perpetue. Mesmo que nas palavras dos que um dia lerão os escritos e reinventarão o ditado. Como foi frisado por Sônia Maria de Freitas [História oral: possibilidades e procedimentos – São Paulo: Humanitas, 2002. Página 51]: “A história oral impõe legitimidade ao presente deixando para a história os fatos do passado”.
Talvez, com o passar do tempo, sejamos apenas anedotas aos olhos dos que virão. E é bom saber que a probabilidade delas não serem esquecidas é, pelo menos, mínima. Causos são contados e, o que não é relatado, poderá ser esquecido? É fato que, como homens que somos nossa raça não ‘gostaria’ de ser esquecida. E a morte faz isso conosco. No final das contas, um dia inteiro de trabalho será esquecido. Uma vida inteira de esforço e dedicação em busca de conhecimento é esquecido. Quem gostaríamos que nos reconhecessem como produtores de saber que somos, não nos reconhece. E por fim, voltamos a ser apenas nomes riscados em cadernetas. Sem glória, sem honra. Mas felizmente, tem sempre um ou outro que nos resgata do limbo das frases ditas e nos re-significa em cultura e, com isso, nos tornaremos em saber popular. Quem sabe.
O medo que fora dele agora é meu. De continuar, de prosseguir. Não sei se meus feitos terão (para os meus netos), o mesmo significado que os dele me trazem. A dúvida persiste e a jornada também. Fui e voltei da terra sem lei. E consegui, com esforço, mudar um pouco. Através das palavras de um senhor de mais de setenta anos. Que me fitou com seu olhar simples e maduro, a espera de perguntas que não consegui fazer. Porque foi embora? Porque se arriscou em um lugar sem parentes, sem casa, sem chão? Porque razão abandonar, se é que houve abandono, uma vida toda construída na sua terra, para ir adiante? Estas palavras aqui estão engasgadas.
Mas durante a entrevista, João me trouxe uma nova possibilidade. Não era um velho falando ao novo. Era a sabedoria de quem precisou viver para ver se dava certo. Ainda no texto de Sônia Maria [página 52], as aspas de Pierre Norra se fundiram as palavras do velho simples da roça: “A história é elaborada. A memória é vivida”. E ele, o João, por sua vez trouxe outras aspas: “A gente deve continuar sempre indo em frente. Eu fiz errado, saí de Minas para cá (Estado do Pará), atravessei mais de 200 quilômetros floresta adentro e voltei cerca de 80. Você não deve fazer isso! Siga em frente sempre”. Sim senhor, irei.
13 de abril de 2007
Old Brown Shoe / Beatles 1967-1970 Lado B (o disco azul da maçã ao meio da mamãe - Sim minha mãe e meu pai escutam beatles. Ou vocês acharam que o nome yoko veio da lata do lixo?)
(writer: George Harrison)
I want a love that’s right but right is only half of what’s wrong, I want a short haired girl who sometimes wears it twice as long.I’m stepping out this old brown shoe,Baby I’m in love with you,I’m so glad you cam here it won’t be the same now I’m telling you.You know you pick me up from where some try to drag me down,And when I see your smile replacing ev’ry thoughtless frown,Got me escaping from this zoo,Baby I’m in love with you,I’m so glad you came here it won’t be the same now I’m telling you.If I grow up I’ll be a singer,Wearing rings on every finger,Not worrying what they or you say.I’ll live and love and maybe some day,Who knows baby,You may comfort me.I may appear to be imperfect,My love is something you can’t reject,I’m changing faster than the weather,If you and me should get together,Who knows babyYou may comfort me.I want that love of yoursTo miss that love is something I’d hate,I’ll make an early start I’m making sure that I’m not late,For your sweet top lip I’m in the queue,Baby I’m in love with you,I’m so glad you came here it won’t be the same now when I’m with you.I’m so glad you came here it won’t be the same now when I’m with you.
10 de abril de 2007
Amanhã é dia onze
E para onde vou, afinal? Estarei indo em direção a algum lugar, já que parto de mim mesmo a cada instante? As pessoas devem se preocupar com o excesso de informação e se esquecer que elas que geram toda a comunicação? Talvez.
Today's fortune:
You have an unusual equipment for success, use it properly
Hoje é dia dez, amanhã é dia onze. E depois, quem sabe somos nós, os inquietos.
29 de março de 2007
Capítulo Três
A grana, que não é muita, serve para duas coisas oficiais e outras tantas. Uma delas é o pagamento do condominio e água, as outras coisas se resumem a cervejas, cigarros e outros psicotrópicos. O escritório dado pelo pai de presente de formatura, se transubstanciou. Agora é um quarto-sala-cozinha meio aberto e sem divisórias. Não há energia, não sobra dinheiro. Falta muita coisa por lá. Panelas, é um bom exemplo disso. Mas não há do que se queixar. Fernando continua a levar a vida como se a adolescencia nunca fosse embora. Algo preocupante para quem já bate as portas dos trinta e não está contente com a situação.
Aprendera com o pai a gostar de música. Cada personagem da vida tem suas frustrações. O pai era músico quando jovem e adora o estilo de Crosby, Still, Nash e Young. O álbum Dejá Vú, fez sua adolescencia ser, no mínimo, excitante, por falta de palavra melhor. Woodstock e Carry On, embalavam o sono de Fernando quando ele era um pequeno bebê naquele ano de setenta e cinco.
E agora que os trinta estava claro no rádio de pilha velho que só tinha um toca-fitas, Fernando só ouvia uma só gravação no velho tape que o pai lhe dera quando a música começara a significar algo para o rapaz. Tranquila e emocionante em suas nuances. Bom era acender um tabaco e sentir fluir do corpo a essencia que a música lhe proporcionava. Mas últimamente CSNY só lhe traziam lembranças de âne.
O homem ficou bastante contente em ajudar a amiga no momento de infortúnio que ela sofria. Mas também lhe preocupava pela falta de animo para com a vida. A dele, também, era sofrida, mas não importava muito. Ele tinha a música para guia-lo nos momentos difícios. Mas e ângela? Isto o angustiava. Os meses passavam rápido naquele apartamento, as roupas acumulavam para lavar, o dinheiro não sustentava mais nem o consumo das velas, única fonte de energia da casa. E com isso as brigas.
Todos os dias, ele dizia como um mantra em declaração a amiga querida:"Garota, você não pode passar a vida inteira sentada nas almofadas das angustias e esquecer que o dia está bonito, e a noite sempre tras bons presságios! Levante! AGORA!". Mas âne nao reagia. Não tinha vontade. Não queria. E somente a música embalava os pesadelos em que eles viviam. Num apartamento-ex-escritório-sujo no centro da cidade.
28 de março de 2007
Memórias de um dia Contente
Pobre menina que se desiludiu ao saber que a gata não era gata. Era macho e nem soube porque. Tadinha da menina com cabelo cor-de-mel, cara-de-sapeca e jeito de moleca. Ela que gostava tanto de gatas não sabia que uma diferença os separavam de ser um ou uma.
E a mulher que já está grandinha só sabia saborear godões-doces no céu e terminar com ilusões proprias da infancia desde mocinhazinha na cidade da terra batida. Naquelçe tempo o papai noel era gordo e tinha barba de verdade, coelho da pascoa trazia bombons ao inves de ovos de chocoçate e bonecos não falavam.
Quem estava por trás de tudo isso era o homem, que ao ver a menina e a mulher lado a lado só sabia que sorrir é mais gostoso, e talvez mais saboroso, que sentir saudades frustradas de qualquer dia sem sol.
26 de março de 2007
Capítulo Dois
O que uma pessoa como essa faria num bar em plena terça-feira? Bom, neste caso, a desilusao de ter perdido emprego e 'casa' ao mesmo tempo havia me levado a tomar uma(s) dose lá no butequim do Seu Geraldo. Comecei cedo ainda, nao eram nem dez da noite quando Fernando me chamou para conversar. Ele percebera a constatação do óbvio que minha face apresentava no momento. E resolveu me ajudar. "O que foi minha pequena?".
Comecei falando do desemprego imediato. Trabalhei na loja da martinha a minha vida toda. Nem sei direito como e quando comecei lá. Mas faz muito tempo. Acho que ainda estava no colégio quando aconteceu. Lá eu vendia de tudo, desde de peças de lã para confecção de tecelagens a cds piratas de bandas que nao falam a minha lingua.
A notícia veio logo cedinho. Martinha olhou para mim e disse sem dó: "âne, não dá mais. Sei que você é eficiente, mas vou fechar a loja". Perguntei a razão e ela disse com um belo sorriso no rosto: "Tô voltando pra minas. Minha mae morreu e me deixou uma bolada. A loja tá fechada e já vendi para o tal empresário do prédio grande. Ele vai transformar o espaço em um edifício de escritórios."
'Me encontro aqui, agora, neste exato momento, sem logradouro, sem comida, sem dinheiro, sem trabalho, sem perspectiva. Tudo bem, nunca tive perspectiva mesmo. Tava resignada em passar o resto da minha vida vendendo quinquilharias numa loja de quinta, mesmo'. Mas Fernando desacreditava na história da garota. Mesmo sem um lugar para ir, ele deveria ajudá-la também.
Caso ela recusasse a oferta de morar no apê sujo que ele chamava de lar, não custava tentar chamá-la. E foi o que aconteceu. Depois daquela bebedeira, o casal pegou as trouxinha de roupas e pertences de ângela na lojinha de Martinha e não decidiram mais o que fazer dali por diante. E durante muito tempo foi a esmo que ela viveu.
25 de março de 2007
Arte de Stephanie Pui-Mun Law, uma das desenhistas dos BGs de Wizards of the Coast, HarperCollins, LUNA Books, Tachyon Books, Alderac Entertainment, and Green Ronin.
23 de março de 2007
Tem muita gente no mundo
Tem gente que não sabe.
Tem gente que fala até de mais.
Tem gente que não se acostuma a ter saudades.
Tem gente que sente muito o tempo todo.
Tem gente que mexe com a cabeça da gente e nem parece notar.
Tem gente que tá o tempo todo gritando por gritar.
Tem gente que parece estar em todas as partes.
Tem gente que não está em parte alguma.
Tem gente que olha e encanta.
Tem gente que fere ao olhar.
Tem gente que diz em silencio.
Tem gente que precisa de calma para pensar.
Tem gente como eu e você.
Tem gente que é você e eu.
Tem gente que nunca termina de escrever.
Tem gente que não respeita a escrita de ninguém.
Tem gente que adora fazer listas.
Tem gente que está fazendo uma agora.
Tem gente pra todo lado.
Tem gente que não gosta do lado que está.
Tem gente... muita gente.
--
Espaço curvo e infinito
(José Saramago)
Oculta consciência de não ser,
Ou de ser num estar que me transcende,
Numa rede de presenças e ausências,
Numa fuga para o ponto de partida:
Um perto que é longe, um longe aqui.
Uma ânsia de estar e de temer
A semente que de ser se surpreende,
As pedras que repetem as cadências
Da onda sempre nova e repetida
Que neste espaço curvo vem de ti.
20 de março de 2007
Querido Diário,
("Este será um breve relato de como tem sido alguns dias, antes de postar anedotas sem sentido algum para os leitores deste fuckin' diário." )
As coisas vão bem, no mundo de cá. Nunca tive um tempo só meu, onde pudesse reajustar minhas funções para com o universo e para com meu coração. E por falar em coração, o meu vai bem obrigado. Tem estado cada vez mais contente com a presença da paixão. Acho que estou indo bem neste campo, sem altos e baixos para atrapalhar o mundinho circular que sempre me encontrei. Tenho certas dúvidas, mas sinto informar-lhes que elas se solucionam com a mesma velocidade que aparecem. Acho que estou crescendo.
O trabalho não dá tregua. Volta e meia aparece algo para fazer e, sempre, de última hora para não perder o costume. Tudo bem, até que me acostumo rápido com o sofrimento. Principalmente se ele é meu. Mesmo assim não deixo de sair sempre que posso. E devo. Sinto falta do ritmo de trabalho do semestre passado. Mas tudo a seu tempo.
Por falar em sofrer, confesso que não tenho muito pra falar sobre. Não brigo mais com minha mãe, tão pouco com yara (pessoa que vejo muito pouco). Mas minhas pelejas noturnas com dudu tem aumentado a quantidade de cicatrizes nos meus braços e pernas. Devo parar de disputar com meu gato quem 'azunha' mais. Sem tristezas para contar. Meu coração está sempre por perto quando preciso.
Bem, sem mais. Ou não. Quem sabe?
14 de março de 2007
Beck – Mongolian Chop Squad
Tanaka Yukio, mais conhecido como Koyuki, é um adolescente normal, sem muitas preocupações, além das notas do colégio. Tudo muda quando ele salva o cachorro Beck de um linchamento. O dono do animal é Ryuusuke. Um japonês que viveu muito tempo nos EUA e não conhece muito da língua natal.
Ray, como é conhecido, é guitarrista e pretende formar a melhor banda de todos os tempos. Mais até que Dying Breed a sensação do momento no Japão. Depois de muitas tentativas frustradas o rapaz escolhe a dedo os companheiros de banda. Para entrar nessa empreitada não precisa, necessariamente, ser bom. O pré-requisito é tocar com o coração e transformar a música em estilo de vida.
Em um ano Koyuki aprende a tocar guitarra, com muito incentivo de Ray que está de olho no talento do rapaz. São dois anos corridos em toda série. Neste tempo, os personagens crescem musicalmente, com ganhos também na vida social e pessoal. Tem momentos em que se pode confundir o desenho com seriados americanos que tentam retratar fielmente a vida real.
Beck consegue ser simples com uma linguagem rebuscada. Hit in América, o single de abertura representada aqui na performance de Beat Crusaders, transforma cada capítulo em um show a parte. Referências a bandas como Rage Against the Machine, ao próprio Beat Crusaders e a participação especial de The Pillows [banda de punk-fella-rock japonesa] nos capítulos finais dão um toque a mais na produção.
São 26 episódios, que devem ser assistidos acompanhados de coca-cola, guitarra e allstar. O desenho alcança o auge no momento preciso, além ser uma tentação aos aspirantes a musicistas espalhados pelo mundo afora.
13 de março de 2007
Um causo, eu te conto!
Seguimos em direção ao pequeno colégio. Lá não tem muros. Esta é a razão principal para que João, o pai dos meninos, resolvera matricular-los um pouco mais distante de casa. 'Sabe, um colégio tem que ter regras, e se não tem muro, como as crianças vão brincar no recreio sem que nada aconteça a elas?'. Concordo, em partes. Seria interessante estudar olhando para um janela que dá de frente a 'movimentada' ruazinha de Brasil Novo. Mas não era sobre isso que estava falando.
Depois da primeira curva, onde tem um orelhão telemar que mal funciona, passamos em frente ao Buteco do Pereira. Os homens ainda estão no trabalho e o local se encontra apenas com cachorros em frente. Estão desnutridos, mas não perdem tempo ao ver-nos de bicicleta e nos seguem por alguns instantes. Marley tá bem mais rápido que eu, e começo a preocupar-me com isso. Meus pulmões respiram o ar puro, literalmente. E, então, transpiro. Fico em estado ofegante. É quando resolvo parar com a desculpa de ter visto uma árvore bonita. O menino se convence quando pego a câmera e vou logo apontando para meu objeto. "Tira uma foto minha?". Dou uma desculpa que farei isto mais tarde e ele se satisfaz. Por enquanto.
Já estamos bem longe de casa. Subimos uma ladeira ingrime. Foi neste ponto que tive de descer da minha montaria. Estou cansada. O sol subia rápido quando percebi que já se passava das dez. Corremos muito para alcançar o almoço que estava quase no ponto. O sapequinha foi correndo pra mesa com a desculpa que tava morrendo de fome. Mas era só molequice. A mãe vai logo gritando que temos de guardar as bicicletas e lavar as mãos. Ele obedece a segunda ordem, enquanto vou fazer jus da primeira. Guardo a bicicleta, e resolvo olhar pra trás. Lembrei onde estava, na terra sem lei, e dos avisos alarmados dos amigos que me preveniram para não ser tão indulgente fora de casa. Mas para que desculpar-me com a minha memória. É só mais um dia de calor com estórias de terra com árvores gigantes.
12 de março de 2007
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Um dia vou escrever um livro de proverbios.
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(...) estou tao absorta em meus próprios conceitos que escrever está se tornando a arte de falar bobagens.
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eu sou uma troglodita que come criancinhas no almoço e palita os dentes com lanças de ferro.
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Musica é a fluencia do corpo, do ser e da alma.
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se sinto falta: olho para minhas mãos.
se estou desconsolada: escrevo.
se não consigo ir adiante: escuto paul simon
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o sonhar é ultrajante.
nao gosto.
pra falar a verdade, tenho pavor.
meus sonhos estao, cada vez mais, confusos.
nao gosto.
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existe tanta coisa para se contar.
mas muitas que não sei como escrever.
tanto faz, o tempo acabou mesmo.
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sabe aquela angústia de não ter completado algo?
pode ser disso que meu figado sofre.
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a força se exauri, some, não volta. É como as estrelas que deixam de aparecer no céu. Elas morrem e ninguém fica sabendo quando.
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As vezes tombar sobre a grama depois de um longo dia de batalha não parece tão terrivel assim.
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Cheiro de químicos, estafa e roupa suja.
Ser ou nao ser alguém na vida, vai fazer diferença para alguém?
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As pessoas podem ser distantes, voluntariosas, chatas, mas no fundo todos somos um só. Mesmo sangue, mesmas angustias.
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sonetos de mulher
mulheres em pátrias distintas dialogam com seus conflitos.
uma igualdade conhecida apenas pela sofrida vida.
algo dedicado a cada uma.
e somente por elas.
vida e seu fim.
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desvirtue-se. Enquanto há tempo.
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Verdade seja dita, que a felicidade é [e somente é] uma singularidade dentro de uma existência. Como as plantas. Elas são felizes. Tem água, luz e as vezes admiradores. Não precisam de dicionários, faculdades e nem namorados. Ficam ali, esperando o tempo passar, com toda a paciência do mundo.
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engraçado como o mundo gira rápido. Um dia vc conhece. No outro não respeitam suas opiniões. Em um terceiro a paixão é arrebatadora. E no último nunca mais voltam a se encontrar.
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Factual [ponto] O ato em si de cada performance [vírgula] que tende sempre ao improviso o exuberante [ponto] Foi me dito uma vez que se o homem não descansa ele não poderá levar seu fardo para sempre [ponto] Tendo em vista este comentário [virgula] o que pode ser dito de uma situação constrangedora a uns [virgula] displicente para outras [virgula] ou simplismente inexistente é que [dois pontos] não pode ser dito nada [ponto]
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e por fim:
Mas não era sobre isso que falava. Era sobre outra coisa. Algo que vocês não compreenderiam. Algo que nem eu sei escrever o que é. Ou como chegou a mim. Algo assim... sabe?
9 de março de 2007
Então leonina, finalmente está conseguindo ver além do limite do horizonte? As coisas começam a se abrir, mas não deixe que o entusiasmo lhe pregue armadilhas.
Dica do dia
Mesmo sabendo que está encantando e agradando onde estiver, é bom não ficar tão envaidecido disso. Pés no chão sempre!
cheers... =)
--
Dia da Mulher /oitodemarço.
Recebo por email e compartilho
Mais Alto
Mais alto, sim! mais alto, mais além
Do sonho, onde morar a dor da vida,
Até sair de mim! Ser a Perdida,
A que se não encontra! Aquela a quem
O mundo nao conhece por Alguém!
Ser orgulho, ser águia na subida,
Até chegar a ser, entontecida,
Aquela que sonhou o meu desdém!
Mais alto, sim! Mais alto! A Intangível
Turris Ebúrnea erguida nos espaços,
A rutilante luz dum impossível!
Mais alto, sim! Mais alto! Onde couber
O mal da vida dentro dos meus braços,
Dos meus divinos braços de Mulher!
Florbela Espanca
7 de março de 2007
5 de março de 2007
De malumor. Com péssimo sabor. Suja por dentro. Com o pé de cheiro. Sinto falta de nada, com excesso de tudo. Não gosto, não quero, não faço. Bato o pé até dizer chega. Gorda, estafa e sem rebolado. De três em três, tudo junto no mesmo parágrafo. Quem precisa das regrinhas, quem está com elas! Livrem-se disto, por favor. Não posso mais. Cansei. Voltei. Tudo. Pro começo. Perdi a noção de meus passos. Como faço? Tenho que ir? Não quero. Mas já?! Diga-me uma coisa. Sei lá. Faça-me assim. Não quero de lado. Como? Perdão! Desculpas...
De malumor, definitivamente.
É para lá beeem longe que eu vou e sem dizer so long.
De presente pro passado
Passado enterrado. Morto ele volta apenas para assombrar. Mas quem tem medo do que um dia viveu,
é porque não viveu o suficiente para estar contente com o agora.
Belo passado que me assombra. Volta para me puxar pelo pé. Olhe para mim monstro sem face,
só para poder disparar meu revolver em seu vulto insosso.
3 de março de 2007
Contribua para a continuação desta saga. E provavelmente você também poderá compartilhar deste sentimento. Livre, desempedido e suave. É como passear com seu animal de estimação no calçadão e perceber que as pequenas nuvens lá do céu podem ser formas abstratas, desenhadas pelo calor, ou ainda desenhos com linhas firmes que Ele ou Ela fazem para nos agradar. E conseguem, como conseguem!
Respirar e andar,
beber coca-cola e suspirar.
É bom se sentir em casa novamente.
Muito bom.
Ôbá!
1 de março de 2007
Sinto a saudade como um choro de criança.
Melodioso, distante e sem fim. Porém, dura apenas um instante.
Volto entao ao mundo do pensar e pergunto-me quando seria a hora de partir ou deixar o telefone desligar. Mas ainda não é hora, ainda não é o momento.
Deixo então a agua do mar limpar os meus pés e sigo adiante na orla.
Sempre ao lado. Sempre perto.
-
Papai, há muitos anos atrás
"Sinto o vento balançar os meus cabelos,
Sinto a brisa em meus olhos,
Sinto teu cheiro a um quilometro.
Sinto apenas sua presença, mas você ainda está tão longe,
porque nao vem até a mim?
porque você nao vem nao vem nao vem
ouço você me chamar me chamar me chamar
(...)
Não consigo segurar o meu pranto,
que se desenvolve suave como a um a musica,
rolando nas pedras, batendo nas folhas das arvores"
Frase 'presente' da tarde:
"Nada é tão ruim quanto aprender a esquecer de quem se aprende a gostar"
Marcus Vinícius Leite
28 de fevereiro de 2007
O festeiro/a leonino/a estará passando por uma fase muito íntima e colocando na balança o que realmente é importante se ter. A Lua em seu signo ajuda nessa organização interior.
Hora de colocar a casa em ordem. Sem adsl, sem chamadas feitas por mim no telefone fixo. Com clarice no coração e nas entrelinhas.
See ya later, space cowboy!
koko
27 de fevereiro de 2007
do Gr. anékdotos, não publicado
s. f.,
narração sucinta de um facto jocoso;
particularidade engraçada, histórica ou lendária.
fonte: Dicionário Online de Lingua Portuguesa Priberam (link ali do lado)
Anedotas são textos incompletos e rabiscos permanentes. São rascunhos factuais e totalmente despropositais de um dia-a-dia normal. Fatos interessantes para o narrador e observador que procura ver simplicidade em tudo que vê. Uma andorinha se torna uma anedota se cai e quebra a perna. O ciúme não. Isto é passionalidade.
Encontros estimulantes I
A humanidade luta contra seu eu desconhecido.
Eu debato com pessoas sem rostos a procura da mesma humanidade.
Escrevo um livro de memórias sem lembranças. Onde o conhecimento é fruto das concomitâncias e o pecado está na leitura destes escritos.
"O principal defeito das crianças, além de não fumarem o bastante, é que quase sempre estão acompanhadas de adultos."
Doações Parte III
"Orador é aquele que faz a oração na despedida"
e
"As guerras acabam. Mas as ruas nunca ficam prontas!"
Marcus Vinicius Leite.
Achados e Perdidos no órkute
(Pérolas mortais)
Além de poser e chata, estou como uma boba apaixonada pela minha própria face.
"Chuck Norris pediu um Big Mac no Bob's.
Ele foi atendido. "
"Quando o Bicho Papão vai dormir,
ele deixa a luz acesa com medo de Chuck Norris. "
"Atire se for homem!"
"Se casamento fosse bom não haveria testemunha... Cristo chegou aos 33 sem casar e morreu feliz por "salvar" a humanidade, mas aposto que iria casar depois dos 35, pois é ae que a vida começa a ser vivida, antes disso é só aprendizado."
Comunidade: Só caso depois dos 35!
(...)
E finalmente, Poema no final da tarde
Um Dia de Chuva
"Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol.
Ambos existem; cada um como é. "
Fernando Pessoa
Capítulo Um
Foi até a janela do seu quarto olhar as árvores. Não é facil se manter saudável morando no décimo quarto andar de um prédio de escritórios. Quando ela pensou em se mudar e não tinha para onde ir, passeando pelo centro da cidade cinza, viu um prédio bonito e bem alto. Acostumada a árvores maiores que prédios, a única coisa que passou pela sua cabeça seria a ideia de morar em uma árvore de concreto. E foi assim que se decidiu. Passou um dia, uma semana, meses e ela ainda continuava lá. Talvez seja por isso que pouca coisa muda dentro dela.
A sensação que se obtem ao morar tão distante do solo é que se algum dia, por ventura, se decidir sentir uma boa vibração, pular do décimo quarto andar poderia ser algo reconfortador. Mas não era isso que ela procurava. E nem tentava, também. Era dia de são valentim. E estranhamente uma borboleta branca alcançou a janela do quarto (que algum dia iria se tornar escritório dentário). Borboletas costumam viver apenas um dia. Estranho pensar naquela larva tentando subir tão alto.
Com aquilo na cabeça, e outras tantas distrações, a garota começou a se aprontar. Vestiu o jeans surrado antigo, uma camiseta preta que virara cinza e resolveu enfrentar as ruas. Há alguns anos, o dia quatorze de fevereiro, era quase um dia mítico (por falta de palavra melhor). Sempre acontecia algo bacana. É quase como o primeiro dia do ano, ele vem aos poucos transformando orvalho em calor para depois reverenciar a noite com um tórrido frio. No apartamento de ângela não existem cobertores. E nem geladeira. Por isso logo que desceu as escadas (o elevador fora desativado há muito tempo), sempre sorria para a dona da lanchonete da esquina. As vezes um sorriso pode salvar uma vida. E Ângela sabia disso. Era a sua garantia de sobrevivencia.
As ruas estavam meio molhadas e sujas de papel. No butequim do Seu Geraldo, ela reencontrava amigos de luta. Sergio, Paulo e Fernando já estavam lá quando ângela filava um pão com mortadela (sua salvação). Estava morrendo de fome, e os amigos que sempre a ajudavam perceberam que um sorriso bobo estava em sua face. Mas ela não falava. Não podia. Não queria. Deixar escapar uma palavra é quase que cometer um assassinato. Matar as boas sensações com classificações mundanas do sentido da felicidade. Alegria, para ela, não era contar o que de bom estava acontecendo com seu coração, corpo e algo. Alegria era estar ali. Quieta. Esperando.
E demorou muito até seu pequeno segredo ser descoberto. Enquanto isso, a nicotina, o velho companheiro de instabilidade, inspirava suspiros aleatórios entre uma baforada e outra. É bom não se manter saudável em certos momentos. E diante os últimos dias era só isso que a tornava mais tranquila. Algo acontecia, e ressucitara em seu corpo uma sensação de angustia profunda. Suas teorias de ação e reação já estavam muito batidas, e ela tinha receios de voltar a abrir seu coração. Mas a vontade de não evitar era tão forte.
Em um dos dias mais cinzos da última semana, quando ângela passeava na esquina da rua parda, seu coração disparou. Fulminante como uma parada cardiaca, a menina-mulher não teve reação. Ela o vira. Pobre rapaz. Sua beleza era estarrecedora, e o olhar inquietante. Assim como ângela, e foi por este sentido de que a disparada nao era recente que a angustia cresceu dentro da menina. Foi muito rápido, não deu para fazer muita coisa, a não ser sorrir. E foi exatamente o que fizeram. Desde então, a menina planejava sua rotina voltada a busca daquele sorriso. Era só isso que a tornava alegre. E ela queria muito voltar a ser.
26 de fevereiro de 2007
Frases de (re)conforto, re(confor)tantes e para sempre reconfor(tá)veis!
"Perdi meu único amor para o vento dos infortunios e meu raio-de-sol para as sombras do eterno nunca"
Enquanto isso, recebo por email anedotas de presente.
então nao precisamos olhar para a água, não é mesmo?"
mesmo =)
24 de fevereiro de 2007
perguntas recorrentes ao meu querido chuck-calhambeque:
- onde está o pisca alerta?
- foi tragado pelas profundezas do mar sem fim - Respondo.
- aãh?
- tá emperrado neste buraco aí e não sai nem a pau!
- aaah, menos mal. pensei que não tivessem fabricado em santanas volks...
- ¬¬'...
kokohare a sua amiguinha que parece um pequeno grande rinoceronte cor-de-rosa e totalmente bruta.
ou não?
música: Calhambeque (road hog)
álbum: É Proibido Fumar! (1964)
artista: Roberto Carlos
23 de fevereiro de 2007
Hey now, if your baby leaves you, and you got a tale to tell.
Just take a walk down lonely street to Heartbreak Hotel.
...
Let's walk up to the preacher and let us say I do,
Then you'll know you'll have me, and I'll know that I'll have you...
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Wop-bop-a-loom-a-boom-bam-boom tutti fruttiau rutti tutti frutti au rutti tutti fruttiau rutti tutti frutti au rutti tutti fruttiau rutti wop-bop-a-loom-bop-a-boom-bam-boom
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My baby knows just how to treat me right.
Gives me plenty loving: morning, noon, and night.
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Tudo o que parece ser, pode não parecer que é.
Mas no fim acaba parecendo que é.
Inquieto, estou. Esperar para que, se não há o que encontrar? Nas músicas me arrependo de ter ido tão longe e tão rápido. Incerto coração, pare de pulsar ou enlouquecerei com este infortúnio que criei com minhas próprias mãos de fada operária. Poemas são para poetas! Para outro mundo lanço os que de normas precisam. Farto estou de tudo o que me estafa. E em primeira pessoa eu proibo que isto vá adiante. Definitivamente, ou não.
Um Leão está solto nas ruas (1964)
Um leão está solto nas ruas. Foi discuido do seu domador. Sei que ele está faminto. Não come desde ontem. Preciso encontrar o meu amor. Um leão está solto nas ruas. Já faz um dia que ele fugiu. A turma está aflita, pra vê-lo outra vez, na jaula de onde ela saiu!
Você, que está em casa um conselho vou dar. Feche as janelas, tranque bem o portão. Pois num dado momento sem ninguém esperar, pode aparecer o tal leão. Mas um leão está solto nas ruas, calamidade igual nunca vi. Jamais terá problema de alimentação, se ele encontra o meu broto por aí...
engraçado como isso pode virar uma constante.
missão impossível: leoninos regidos pelo sol deveriam ser menos explosivos.
horóscopo
Leonino, a Lua em Touro sugere que você se desapegue do passado e de todas as amarras que o atrapalham de acreditar que você pode crescer e ocupar seu espaço no mundo.
Dica do dia
O tempo que tiver hoje, pode ser bem aproveitado para ficar em casa, curtindo sua família, ou decorando alguma parte de sua casa que não tem lhe agradado.
arrumar meu quarto é uma opção?
22 de fevereiro de 2007
Talvez seja. Ou ainda uma sensação de culpa que não deveria estar por perto. Por proporcionar (ou não) sofrimentos alheios. Ou ainda por querer que o mundo inteiro sinta-se confortado pela alegria que bate aqui. Não carrego desculpas ou culpas onde passo. Permito-me percorrer estes caminhos com um pé de cada vez. Estranho se sentir assim. Meio sem rumo, mas com um quê de rumo certo.
"Sinto o vento balançar os meus cabelos.
Sinto a brisa em meus olhos..." Marcos Teles
Meu pai (um bom compositor) costumava cantar essa melodia quando éramos pequenas. E, atualmente, volta e meia ela esta aqui. Como dirigir a cento e vinte na highway. Ou como pingos de chuva em dias de casamento de raposa. As núvens estão cada vez mais recheadas de doce. E a saudades de tudo e de todos ainda pulsa. Devo terminar o que comecei. Devo.
Horóscopo Leão
A Lua em Áries o/a deixa um pouco nervoso e achando que as energias não estão favoráveis a você. Tudo pode ser produto de sua mente, portanto pense positivo.
21 de fevereiro de 2007
19 de fevereiro de 2007
18 de fevereiro de 2007
12 de fevereiro de 2007
Testamento de pós-infortúnio
O que poderia estar acontecendo. As pessoas provavelmente estão certas, talvez pelo sorriso bobo que não se desfaz de minha face. Ou ainda porque não consigo mentir sobre o bom humor que se instalou. Despretencioso, como sempre. O sentido das palavras regem o sabor da vida.
Sinta-os.
Ontem
O que diria marcie se eu optasse por algo menos furtivo que o abraço de um lobo?
Devo parar de ler horóscopos. Eles deixam as pessoas mais ignorantes de seu próprio destino.
Nunca duvide de um vidente. Ele pode mentir para você. =)
Anteontem
1.
Quero ser criança até não mais conseguir fingir que não consigo amarrar meus próprios cadarços.
2.
Os vinte e poucos anos me separam da inesperada insanidade.
3.
Das estrelas que brilham, poucas fazem algum sentido. Talvez porque agora o céu está mais longe do alcance de minhas magras mãos.
4.
If you see gettin' by, if you see me gettin' high, knock me down.
Probabilidades aritiméticas
I
Prefiro as lágrimas que a sorrisos.
II
Sorrisos são espasmos de tranquilidade. Seria melhor que cuidassemos deles.
III
É melhor não acreditar em números. Eles mentem mais que os sorrisos.
IV
Mentir ou contar verdades não passam de parábolas para crianças. Ninguem acredita.
10 de fevereiro de 2007
1 de fevereiro de 2007
Com lágrimas no rosto
Tem hora que até consigo lembrar quando a chuva caia no chão e molhava minha calça jeans e tenis allstars desbotados. Como era estar feliz no final de um filme comercial americano, que a critica vivia dizendo que era vazio e sem conteudo, mas que eu adorava e ria atoa. Até lembrei de como era legal ser criança nos anos oitenta e escutar michael jackson sem ser brega. Ah, devo dizer que voltei a escutar e ele está no meu coração, por menos cor-de-rosa que ele esteja.
Desbotei. Derramei todo o meu sentimento no chão e não consigo secar com o pano. Dudu, minha companheira, uma vez ou outra mia quando imagino que ela diz: "não fique assim. Vai passar." Mas não passa. De manhã, acordo com o pensamento longe. Como se as arvores gigantes ainda estivessem por perto, dizendo numa lingua desconhecida que protegem o homem, apesar dele as derrubar. Então é assim, destruimos o que é essencial para nossa vida e mesmo assim continuamos a sobre-viver.
Quero voltar para todas aquelas nuvens, que de tão baixas, por um instante, parece que é só esticar a mão para toca-las. Voltar para um passado de menina-moça, ingenua e sem nenhuma preocupação. Porque parece que quando somos adolescentes nada de ruim pode nos alcançar? Nenhuma tristeza é totalmente triste, e todas as alegrias estão a um passo de acontecer. Sinto falta disso. De ser jovem. O bacana deste estória de crescer é que tudo o que dizemos que aconteceu pode não ter acontecido. Quem sabe que aquela história que eu contei da minha juventude perdida não foi fruto da minha imaginação? Eu sei.
Alguem leu a minha mao e me disse que eu morreria velhinha. E que aquela promessa que fiz beem baixinho no pé do seu ouvido não se tornará realidade. Tenho minhas dúvidas. Mas um vidente nunca erra. O parente morreu, eu me transformei e hoje não compartilho mais sentimentos. Queria que ele tivesse lido que ganharia uma fortuna em jogos de azar. Isso seria bacana. Mas irreal.
Sequei. As lágrimas que estavam aqui não sei onde foram parar. Todo dia muitos seguem perguntando se estou bem. E a única resposta que consigo dar é que estou legal. Apesar dos infortúnios. Tudo seria mais fácil se meu nome fosse ângela. Não sei. Acho que as nacionais devem sofrer menos que as nao-orientais.
f.i.a.s.c.o
Tudo é o que parece ser. Porém, com um requinte de crueldade que só os aborrecidos sabem proferir. Tem coisas que os pais ensinam, mesmo não dizendo que ensinam. Sou desconfiada e ironica de pai e mae. Enquanto os vizinhos escutam sertanejo, eu prefiro o velho sabbath. Um magro e feio pintcher marron de minha mae.
Killing yourself to live. Maybe not.
16 de janeiro de 2007
A senhora gosta de Tatu?
"- O que será que está acontecendo?", a maioria das pessoas se pergunta. Enquanto a mulher responde a pergunta com uma certa dúvida e muita calma. "Deve ser um assalto", ela diz, enquanto todos começam a se agitar. "Vou ver", ela se aproxima da cabine do motorista e não avista ninguém. E volta ressoluta para sua poltrona. "Deve ser mesmo um assalto".
Nesta hora, aqueles que tinham alguma dúvida sobre o ocorrido começaram mesmo a temer algo do tipo. Mas outra mulher [poltrona vinte e um], que durante a viagem conversou bastante com a vizinha de poltrona [a senhora da vinte], levanta e acha tudo um pouco diferente. Então ela se questiona: "Se for um assalto, então porque não entram no ônibus?". É uma boa pergunta. São quatro e cinco da madrugada e já se pode visualizar o motorista do lado de fora do ônibus carregando algo. È aí que a senhora da poltrona vinte e um direciona-se para a cabine do motorista.
"- O que aconteceu? Por que paramos?", ela pergunta ao motorista. E ele de bom humor, com um sorriso largo no rosto, afirma:
"- Eu vi um tatu quando me aproximava da rodovia. Então resolvi descer. Só que o bicho é mais esperto que eu, e me deu uma carreira! haha. Pode? O bicho foi rápido, mas eu fui mais. Taquí o bicho. A senhora gosta de tatu?"
Uma risada se sucedeu as informações. A senhora do vinte e um volta para a poltrona e acalma os outros passageiros. "Esse motorista é muito engraçado". A preocupação se dissipou, e com ela a viagem seguiu até Guaraí. As senhoras do vinte e vinte e um olham estranho para o motorista que assim que encontrou um amigo, resolveu presenteá-lo com o bicho. "Uai, o senhor teve tanto trabalho pra pergar o tatu e vai dá-lo de presente?", pergunta a senhora do vinte e um, esperando pacientemente por uma explicação. A resposta que se seguiu foi esta: "Oras, é só um tatu. Depois eu pego outro".
11 de janeiro de 2007
A Liturgia da morte
Não é de se acreditar. Triste saber que alguém parte. Ainda mais quando este é um parente. E muitos passaram na Capela Mortória no dia trinta e um. A festa de ano novo fora trocada por um cortejo fúnebre. Mais de dez caminhões e muitos carros, que deixaram seus pisca-alertas ligados, acompanhando o sepulcro de um homem. Aquele que fora bom para uns e ruim para outros. Uma briga, onde a humilhação venceu a notoriedade daquele homem, o fez partir.
Ainda dentro da capela a rezedeira começa seu serviços. Antes da presença do padre, a velha senhora anuncia o inicio do terço. A ladainha ia alta na tarde quente de Altamira. Mais da metade da cidade passou por lá, ora para verificar se realmente era verdade, outra para dar pessames aos famíliares. Uma esposa, mãe de cinco filhos. Três meninos e duas meninas. Crianças grandes e de vida feita, com filhos e casa própria. O mais novo expressa no olhar o que todos alí viam com clareza. O pesar, a perda. Talvez por não ter vivido muito tempo próximo ao homem dentro da caixa. Ou ainda por não dizer o que gostaria ao pai distante.
Após o enterro, Dostoiévski falou mais alto do qualquer palavra. Quando morremos deixamos de existir. Definitivamente. A representação do corpo é muito valorizada nas sociaedades ocidentais. Não se sabe quem ele foi, quem amou. Se houve bondade ou ruindade em suas relações. Só se sabe que o que resta dele cabe em uma caixa sem flores, e depois nem isto restará. Agora, por mais que Zé Bento, tivesse um nome forte na região, o que ele realmente foi não é mais.
Somos feitos de lembranças. Quando não restar mais ninguém para recordar, elas desaparecerão. E o que resta é apenas uma vestigem do que realmente fomos.
Ante-vespera do feriado, dia trinta de dezembro de dois mil e seis. As quinze horas [horário de Manaús].