20 de abril de 2007

A luz do Lampião

O velho está sentado ao meu lado. Sinto seu medo. Algo que o consome. Lembrar do passado é um passo doloroso, mas ele aceita a missão. Está armado, e sua adaga é um item precioso contra aqueles que, algum dia, juraram esquecer. O conhecimento que ele trouxe de uma vida inteira poderá ser compartilhado? Um difícil questionamento, apenas para aqueles que temem, porém desejam compartilhar de estórias, onde, o protagonista são eles próprios. Sou seu guarda e guia aos portões do tempo de sua trajetória.

Ele começa a narrativa através dos fragmentos da memória que aos poucos se esvai. Meu receio é de que muito do que foi vivido não mais seja possível transcrever. Mas continuamos. Durante a entrevista, suas palavras marcam a ferro e fogo o que dentro de mim consome como uma chama de um simples lampião. E então subitamente o velho me desarma: “como poderei saber se o que a palavra que emprego agora continuará sendo minha após este momento?” Não tenho resposta. Contudo, estória e histórias são frases, pontos e vírgulas que pronunciamos na vontade de que algo se perpetue. Mesmo que nas palavras dos que um dia lerão os escritos e reinventarão o ditado. Como foi frisado por Sônia Maria de Freitas [História oral: possibilidades e procedimentos – São Paulo: Humanitas, 2002. Página 51]: “A história oral impõe legitimidade ao presente deixando para a história os fatos do passado”.

Talvez, com o passar do tempo, sejamos apenas anedotas aos olhos dos que virão. E é bom saber que a probabilidade delas não serem esquecidas é, pelo menos, mínima. Causos são contados e, o que não é relatado, poderá ser esquecido? É fato que, como homens que somos nossa raça não ‘gostaria’ de ser esquecida. E a morte faz isso conosco. No final das contas, um dia inteiro de trabalho será esquecido. Uma vida inteira de esforço e dedicação em busca de conhecimento é esquecido. Quem gostaríamos que nos reconhecessem como produtores de saber que somos, não nos reconhece. E por fim, voltamos a ser apenas nomes riscados em cadernetas. Sem glória, sem honra. Mas felizmente, tem sempre um ou outro que nos resgata do limbo das frases ditas e nos re-significa em cultura e, com isso, nos tornaremos em saber popular. Quem sabe.

O medo que fora dele agora é meu. De continuar, de prosseguir. Não sei se meus feitos terão (para os meus netos), o mesmo significado que os dele me trazem. A dúvida persiste e a jornada também. Fui e voltei da terra sem lei. E consegui, com esforço, mudar um pouco. Através das palavras de um senhor de mais de setenta anos. Que me fitou com seu olhar simples e maduro, a espera de perguntas que não consegui fazer. Porque foi embora? Porque se arriscou em um lugar sem parentes, sem casa, sem chão? Porque razão abandonar, se é que houve abandono, uma vida toda construída na sua terra, para ir adiante? Estas palavras aqui estão engasgadas.

Mas durante a entrevista, João me trouxe uma nova possibilidade. Não era um velho falando ao novo. Era a sabedoria de quem precisou viver para ver se dava certo. Ainda no texto de Sônia Maria [página 52], as aspas de Pierre Norra se fundiram as palavras do velho simples da roça: “A história é elaborada. A memória é vivida”. E ele, o João, por sua vez trouxe outras aspas: “A gente deve continuar sempre indo em frente. Eu fiz errado, saí de Minas para cá (Estado do Pará), atravessei mais de 200 quilômetros floresta adentro e voltei cerca de 80. Você não deve fazer isso! Siga em frente sempre”. Sim senhor, irei.

13 de abril de 2007

Permita-me apresentar a luz dos meus dias da adolescencia perdida e esquecida aos tempos atuais. Copiado, colado e totalmente divulgado por mim do site oficial deles. Visitem se puderem.

Old Brown Shoe / Beatles 1967-1970 Lado B (o disco azul da maçã ao meio da mamãe - Sim minha mãe e meu pai escutam beatles. Ou vocês acharam que o nome yoko veio da lata do lixo?)

(writer: George Harrison)

I want a love that’s right but right is only half of what’s wrong, I want a short haired girl who sometimes wears it twice as long.I’m stepping out this old brown shoe,Baby I’m in love with you,I’m so glad you cam here it won’t be the same now I’m telling you.You know you pick me up from where some try to drag me down,And when I see your smile replacing ev’ry thoughtless frown,Got me escaping from this zoo,Baby I’m in love with you,I’m so glad you came here it won’t be the same now I’m telling you.If I grow up I’ll be a singer,Wearing rings on every finger,Not worrying what they or you say.I’ll live and love and maybe some day,Who knows baby,You may comfort me.I may appear to be imperfect,My love is something you can’t reject,I’m changing faster than the weather,If you and me should get together,Who knows babyYou may comfort me.I want that love of yoursTo miss that love is something I’d hate,I’ll make an early start I’m making sure that I’m not late,For your sweet top lip I’m in the queue,Baby I’m in love with you,I’m so glad you came here it won’t be the same now when I’m with you.I’m so glad you came here it won’t be the same now when I’m with you.

10 de abril de 2007

Amanhã é dia onze

Meu nome tem aumentado a cada dia. Pequena poesia de uma única frase. Talvez, seja um ato de exibicionismo, ou ainda um aspecto de evolução. Como um pássaro voando no céu esvoaçado, deixo um pedacinho de mim em cada gesto, lugar ou olhar por onde vou.

E para onde vou, afinal? Estarei indo em direção a algum lugar, já que parto de mim mesmo a cada instante? As pessoas devem se preocupar com o excesso de informação e se esquecer que elas que geram toda a comunicação? Talvez.

Today's fortune:
You have an unusual equipment for success, use it properly

Hoje é dia dez, amanhã é dia onze. E depois, quem sabe somos nós, os inquietos.