28 de novembro de 2006

Alguém morreu na minha quadra

Depois de dois dias minha mãe contou-me que alguém havia morrido na minha quadra. Ao se tratar de uma cidade como o Recanto das Emas, achei muito normal acontecer. Mas não pude. Era um homem de oitenta anos. Eu ignorava a existência dos seus serviços prestados à Polícia Militar do Distrito Federal. Era um policial aposentado e tinha oitenta anos de idade.

Sem família, morava só em uma casa de esquina na quadra 110. Uma mulher cuidava de sua saúde e da arrumação da casa. Ela encontrou o corpo. Em poucos minutos havia se ausentado da casa para comprar leite. Quando o acontecido se abateu sobre a residência. O que torna uma pessoa infeliz?

Havia uma arma na casa. E o assassino sabia onde a encontrar. Eu sempre ignorei o fato de alguém portar uma arma na minha quadra. E que, talvez, esta mesma arma terminasse com a vida de alguém. Todo manhã, ao sair de casa, eu costumava passar por aquela esquina. Nunca notei que um senhor de oitenta anos sempre se sentava num banco. Mas ao saber desta tragédia, não deixei de conferir se, algum dia, poderei rever a cena. E não vou.

Esse tipo de noticia não sai no jornal. Principalmente em Brasília. Ex-policial de oitenta anos comete suicídio no Recanto das Emas. Na semana anterior uma jovem se jogou do décimo andar de um prédio, no centro bancário da cidade. Em outro, foi a vez de um rapaz fazer o mesmo, só que em um shopping. O que os torna semelhantes? Apenas o fato que todos decidiram abandonar suas angustias para os que ficam ao invés de resolvê-las sem o penar da morte. Respostas faltam a tais perguntas. Sejam elas feitas na periferia ou na capital.

27 de novembro de 2006

Satan, prends pitié de ma longue misère!


Miseráveis são todos aqueles que se delimitam a não enxergar o quão podem conseguir com as palavras. E elas costumam fujir com tanta velocidade que não me é permitido segui-las. E nem tento. Desacredito que elas possam ajudar, no estado deplorável em que me encontro. Não entenda errado. Não estou péssima. Tudo costuma andar de forma descompassada aqui dentro de ângela. Mas ela não costuma perceber isso.
As vezes é bom apenas escutar um pouco de música e ver no que vai dar. As pessoas normais fazem isso e não tem perdas. Porque acreditar que eu as teria? Só porque acredito piamente que ângela seja a melhor mulher em tudo o que faz não significa que seja verdade. E não é.
Pergunto a você, minha querida, se algum dia precisou se preocupar com sua própria sorte. Se as palavras, sempre flutuantes, lhe escapam por entre as frestas do sonhar antes mesmo que acorde. Serei um pouco mais audaz e lhe proponho que fique a observar os outros a sua volta sem se preocupar com o que eles digam de você.
Não pretendo, nesta carta, causar algum desconforto. Apenas esclarecer que mesmo eu sendo sua consciencia, devo lhe advertir que se você, anjo, não começar a se organizar melhor e parar de temer o que ainda não aconteceu, algo de nada bom pode chegar a acontecer.

O melhor, já aconteceu.

Perdoe. Não costumo ser muito boa com as palavras, frases e acentuações. Apenas quero dizer-te que a amo e não quero lhe ver a sofrer pelos corredores sem cor deste prédio cor-de-rosa.

até,

26 de novembro de 2006

engraçado como ontem se parece tanto com hoje. tenho a sensação de que tudo por o que passei não valeu a pena.
alone again. mas desta vez de um jeito diferente, e novembro ainda não acabou. sempre novembro. como evitar?
horóscopo Leão
Lembre-se de que, se quiser realmente seguir em frente e ocupar seu espaço no mundo, deve deixar de lado o passado e raízes que possam prendê-lo.


se você diz. quem sou para duvidar?

e para onde foi todas aquelas frases que iria por aqui?
infelizmente, alguem ousa roubar minhas letras.
se alguem as ver flutuando por aí, mande sinal de fumaça.

dont move, be panic!

21 de novembro de 2006

sinto que aos poucos estou partindo. parto de mim mesma para lugar nenhum. tudo meio que para aos poucos. primeiro o rim, depois o pancreas, aí vem o estômago e o pulmão.
e para não deixar de ser bre-ga, digo que somente o coração que não quer desligar-se deste corpo. talvez por não poder vê-lo com tanta frequencia, as brigas tem diminuido. e o meu tempo com ele também.

volto a usar o mesmo anel que um dia afirmei nao mais colocar no dedo. com certa alegria por isso, mas nao por outras.

enfim...

semana que vem o inferno das matérias, folderes, feiras e afins acaba. aí só vai restar lugar para o projeto e a viajem que vem com o pacote.

férias, cadê você?




meus godões doces do meio de setembro.

1 de novembro de 2006