27 de novembro de 2006

Satan, prends pitié de ma longue misère!


Miseráveis são todos aqueles que se delimitam a não enxergar o quão podem conseguir com as palavras. E elas costumam fujir com tanta velocidade que não me é permitido segui-las. E nem tento. Desacredito que elas possam ajudar, no estado deplorável em que me encontro. Não entenda errado. Não estou péssima. Tudo costuma andar de forma descompassada aqui dentro de ângela. Mas ela não costuma perceber isso.
As vezes é bom apenas escutar um pouco de música e ver no que vai dar. As pessoas normais fazem isso e não tem perdas. Porque acreditar que eu as teria? Só porque acredito piamente que ângela seja a melhor mulher em tudo o que faz não significa que seja verdade. E não é.
Pergunto a você, minha querida, se algum dia precisou se preocupar com sua própria sorte. Se as palavras, sempre flutuantes, lhe escapam por entre as frestas do sonhar antes mesmo que acorde. Serei um pouco mais audaz e lhe proponho que fique a observar os outros a sua volta sem se preocupar com o que eles digam de você.
Não pretendo, nesta carta, causar algum desconforto. Apenas esclarecer que mesmo eu sendo sua consciencia, devo lhe advertir que se você, anjo, não começar a se organizar melhor e parar de temer o que ainda não aconteceu, algo de nada bom pode chegar a acontecer.

O melhor, já aconteceu.

Perdoe. Não costumo ser muito boa com as palavras, frases e acentuações. Apenas quero dizer-te que a amo e não quero lhe ver a sofrer pelos corredores sem cor deste prédio cor-de-rosa.

até,

2 comentários:

Anónimo disse...

O título foi o melhor... Me lembrou de um livro de Gourdjief (não sei se é assim que se escreve).

Unknown disse...

se não me engano este texto [no qual retirei esta frase] é do Baudelaire. sou ignorante, ou seja, não sei frances.

em um daqueles dias miseráveis das provas finais do semestre um amigo me viu sentada em frente ao bloco k e recitou para mim.

veja o texto completo aqui: http://poetes.com/baud/blitanies.htm

inté,

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