25 de maio de 2007

Uóooon

Piegas como um côco

Iracema já estava meio cansada. Os últimos dias no hospital nao lhe trouxeram a saúde de volta. Mas alguns exames estavam marcados, e enfim, ela sai deste para outro Hospital, mais para o centro da cidade. De todos os transportes que a garota de vinte e todos anos já se utilizou, ambulancia deveria ser o mais interessante. O 'passeio' seria no mínimo fantastico. Ou quase isso.

Quando pequena, Iracema, andava de caminhão. Na boleira mesmo, sabe. Gritando com os muleques e rindo do vento no rosto. A falta de ar nao atrapalhava, até entao. E ela podia se divertir como qualquer outra criança. Mas os anos foram se passando, e andar lá atrás começou a ser perigoso. Entao, foi na frente mesmo. Conversando com o tio motorista e se divertindo, só pra variar.

Na adolescencia, para poder ir ao hospital, tinha de pegar ônibus ou vans fétidas. As vezes era meio lotado lá dentro. Com gente suada e crianças melequentas. Mas aí nao tinha muito problema. Ela sempre estava acompanhada da irma menor, e sair de casa era sempre uma diversao. A responsabilidade já batia a porta da idade. E ela tinha de inventar estórias durante as viagens da Ceilandia para o Asa Sul. Era engraçado como Iracema conseguia contar pequenos causos com simples instrumentos: nuvens, fios dos postes e muita imaginação.

Com isso, a pequena irma começou a tecer sua propria teia de possibilidades. E começou a gostar desse negócio de contar coisas para os outros. E foi aí que a presença das nuvens ajudou a suportar o dificil trajeto de ambulancia de um hospital a outro. A sirene nao foi ligada. E o motorista tentou em vao nao passar por muitos buracos. Era preciso seguir sem o balao de oxigenio. Foram tres horas de autocontrole evitando assim crises sintomáticas da doença respiratória.

Dentro da ambulancia haviam quatro passageiros atras e um na frente. Dois eram doentes, e os outros dois acompanhantes. O ultimo era Ângela, a enfermeira bacaninha do hospital. Era legal andar lá atrás. Claro, que nada se compara aos passeios no caminhao do Tio Adjuto ou ainda nos ônibus e vans. E nem um pouquinho parecido com o conforto do carro do pai, mas vamos se imbora que o hospital nos espera.

Nao era como nos filmes. Nao haviam bombeiros saradoes e enfermeiras 'gente finas' pra ajudar em alguma coisa. Haviam sim tubos para aplicação de oxigênio nos doentes sem utilização, uma maca com o colchão rasgado, lençois sujos de poeira, bancos laterais para a equipe médica inexistente e, por fim, cheiro de vomito com gasolina. Foi engraçado, Iracema tentando se controlar, a irma preocupada em segurar uma cadeira de rodas, a maca, a irma doente e atender o celular.

E volta e meia a pobre grita: 'Socorro que é hoje que eu vou'. Vai nada. A moça ainda tem aqueles mesmos vinte e poucos do qual falei no inicinho. Nem terminou a faculdade. E quando a noite cair novamente, as músicas que embalaram os contos fantásticos da garota tocarem na radio, o filme da Disney passar sábado de manha na tevê, e por fim, a saudade de ver Alice bater beeem forte, Iracema já estará de volta. Para mais uma crise quase morte. Então volta! Volta pra gente Iracema! Que cê faz uma falta de um tantão....

23 de maio de 2007

Dormindo no Hospital

Velho, cerca de uns setenta e dois. Alto, mais ou menos um e oitenta. Cabelo e barba curta, ambos grisalhos. Olhos amendoados e jeitao porreta. Esse é Severino, que anda pra cima e pra baixo no Hospital. Tem muitas manias que ninguém sabe porque as comete. O que se sabe é que de tanto fazer se tornou cômico, para nao dizer tragico.

Severino é um senhor bacana e nao tem pinta de bacana. Ranca a roupa, mija na calça e come as fraudas. O tempo todo tem neguinho e branquinho gritando no corredor: '- Vai pra lá, Severino!'. Mas ele nao vai. Tem muito o que fazer ali. Já tentaram de todas as formas, descobrir de onde diacho o bicho veio. O que se sabe é que no domingo ele baixou por lá de carona com os bombeiros. Tava como naquela velha música de vitrola: maltrapilho e maltratado. O mais importante é que ele tava com saúde. Ou quase isso.

O quadro de desnutrição era grave. Muito magro, Severino nao soube nem o que por ali fazia. Toda hora levanta e aí é um fuzuê danado. E lá vem gente gritando: 'O home nao queta!' Antonte de madrugada inventou que queria comprar pao. Iracema foi logo reclamando: "se aquete, home! Tem pao qui nao!". As enfermeiras ficam danadinhas quando o veem dançando no corredor. "Gosto mesmo é do Cauby, mas tem quela música do moacyr que num sei de cor, mas é bôa". E lá vai a valsa maluca de enfermeiras, médicos e seguranças pelo corredor pra fazer Severino ficar quietinho na dele.

No hospital os doentes e internados são o que há. Dos mais afoitos pela cura milagrosa, e rápida (diga-se de passagem), a funcionários mal-humorados e cheios de trabalhos. Os guardinhas são os que mais sofrem, com reclamações dos que ainda estao para entrar e pedidos de socorro contra Severino. E eles já conversaram tanto, com nosso personagem. Tem hora que parece que finalmente descobrirao de onde o homem é. Mas aí, severino guarda uma na manga e deixa a todos muito consternados.

Já falou que morava no Recanto (o das Emas), na Samamba, no Gama, em pirinópolis... Ops, este lugar ele ainda nao falou. Mas com certeza vai falar. E como fala! Homem de Deus, que severino não deixa a pobre Iracema dormir. E quase que a vaca foi pro brejo na noitinha de segunda. O velho chegou de mancinho por trás da maca de Iracema e começou a cutucar a onça com vara curta. Puxou o soro, pegou as chinelas cor-de-rosa, fez até xixi no pé da cama. Mas aí Regiany, que estava de plantao, o pegou pelo braço e ameaçou: "Ou queta, ou vai pro banho!". E nao é que deu resultado!

Mas alegria de pobre dura pouco, e severino teve alta na terça a tardinha. Muitos gritaram graças aos céus por terem protegido o resta da semana, das malcriações de uma criança com barba. Outros preferiram se abster de comentários, que certamente, estavam cheios de malidicencias. Enquanto uns e outros sentirao saudades do rapaz, que alem de mal cheiro, trouxe um pouco de diversao para as tardes monotonas daquele Hospicio. Perae, olhe lá! E nao é que Severino, que de nordestino nao tem nada, já voltou do cangaço e deseja repolsar! Vê se pode? Hospital virar dormitório, vê se pode...

21 de maio de 2007

Fui ali e volto não

vou contar até três e ver se isto (que está aqui dentro) explode.

um...

... dois

... e, e, e!

aaah, desisto.

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"A gente todos os dias arruma os
cabelos; por que não o Coração?"
Provérbio Chinês

15 de maio de 2007

Invisíveis somos nós

Turmas de Elementos de Realidade Regional organizam exibição e debate sobre o filme O Homem Invisível de Andréa Velloso

Foram dois dias do mês de abril. Duas exibições no mesmo auditório, o do bloco K da Universidade Católica, uma de manhã e outra a noite, mas que mexeram com o conceito do nosso papel na comunidade. Mexeram? Sim, e pretendo apresentar o porquê. Fui convidada para a primeira sessão, a de terça de manhã. Já havia assistido ao filme, acompanhado na mídia as matérias sobre o livro de Fernando Braga – que inspirou o filme -, debatido com colegas sobre como passamos despercebidos por uns, enquanto outros nos percebem. Mas confesso que assistir novamente, desta vez como convidada, foi uma experiência nova.

Resultado: me empolguei tanto que resolvi aparecer na segunda exibição, para preencher as cadeiras que poderiam estar vazias. Mas, felizmente, não estavam. No curso de comunicação, durante estes últimos quatro anos de estudante, vi pouca gente se mobilizar para assistir um filme do Cine Br, ou ainda para participar de debates sobre uma ou outra disciplina sem necessariamente estar correndo atrás de faltas ou pontos extras dos professores. Este ano de 2007 tem me assustado por isso. Muita gente começou a ‘aparecer’, sair do anonimato dos corredores e ser um atuante no curso que escolheu e na vida que pretende levar como comunicador.

Talvez seja por isso que a reação depois do filme se tornou marcante. Era evidente nos rostos de cada pessoa, a transformação obtida através da análise que aquela rotina apresentou. No filme, dona Irene, seu Nilce, Fernando e dona Maria não atuaram como personagens, foram entrelaçados em nossas vidas. Ali na tela grande, eles foram percebidos. Não eram apenas garis, mas pessoas dividindo com câmeras um dia de trabalho, os preconceitos da profissão, além de um pouco de si mesmos, como num divã. Só que, desta vez, o médico está representado nos milhares de espectadores.

O convite dos alunos foi dirigido a quem estava por perto, mas que por uma razão ou outra não é devidamente notado. Na primeira sessão os alunos se esmeraram convidando muitos funcionários da limpeza, que provavelmente, nem eles haviam percebido que tinham um nome e história. Esta última muito bem relatada pelo tão querido “tio da pipoca”, que compartilhou sua experiência de ter uma alcunha, mas de poucos saberem o nome. Parentes e pessoas próximas também estavam lá, como a Sueli, pedagoga e secretária do curso, que presenciou a entrada e saída de diversos alunos. Tantos invisíveis que não poderiam caber em uma lista. Pessoas que preferiram serem 'sem nomes', enquanto outros muitos buscam o próprio lugar.

A partir de hoje, talvez, muitos dos que assistiram ao filme O Homem Invisível poderão olhar para o colega da sala de aula que nunca atreveram a perguntar o nome, e sorrir. Verão que a “tia” que faz a limpeza no corredor do CRTV no turno vespertino se chama Sônia. Saberão que Liberato é o nome do tio da pipoca, e que talvez o nome da professora de Elementos de Realidade Regional e Brasileira, disciplina do quarto periodo do curso de comunicação da Católica, que passou um semestre inteiro a ensinar e mostrar novos caminhos do cotidiano se chama Ivany. Veremos.

13 de maio de 2007

=)

Tem gente que fica feliz por pouca coisa. Eu, por exemplo, fico muito felizinha quando finalmente depois de alguns séculos de tentativas frustradas na busca, pelo mundo obscuro da internet, das músicas de minha banda predileta (The Pillows), consigo reuni-las de uma só vez.

Viva o sol, viva a banda larga, viva os golfinhos \o/

e feliz dia das mães.

(módulo diário ligado por tempo indeterminado)

11 de maio de 2007

Onziii

Tão boba que dá dó.

razões?

primeiro) subscribe a palavra enterro aqui dentro e chacoalhe.
segundo) definitivamente este não foi o meu melhor dia.
terceiro) felizmente continuo andando com as melhores pessoas.
quarta letra) um dia, talvez, eu ainda salve o mundo.

constatei: não sou tão sarcástica quanto imaginava. sou melodramática, babe!

produto: algo simples e completo salvou meu dia. E, literalmente, hoje dormirei de janela aberta. ó gósh, Save Pan and a better life for me, hey!

8 de maio de 2007

Firulenta

Sabe?
Eu-te-Amo nao é bom dia.

Não costumo dizer a tal palavrinha o tempo todo. Julgo mal (para não dizer péssimo!) as pessoas que a utilizam de má vontade ou de uma forma exasperada. Como se houvesse necessidade de aceitação mundial do tipo: eu falo eu te amo e você me aceita no mundinho mediocre que lhe envolve. Ou ainda, como se a simples pronúncia tornasse as pessoas mais amistosas e felizes. E eu, definitivamente, não gosto de pessoas felizes. Elas me fazem mal, me dão azia, (ou pior), me dão asco de compartilhar o mesmo ar.

Apesar de tudo isso, engraçado pensar que fico toda boba e pareço mais feliz que a Pollyanna do livro só porque você (um), você (dois) e você (três) não se importam em dizer essa palavrinha mágica que me comforta tanto. Mesmo na chatice, na inquietude ou (ainda) divergência que me consome e transforma (everyday). Apesar de últimamente não transparecer muito ser eu (má) mesma. Acho que estou virando moça, ou algo ainda pior, estou mais feliz do que imaginava algum dia me tornar.

*E tumbém porque ontem, você (quatro) entrou pro seleto grupo.

ó gósh, now i am became a banana!

Combino eu+eumesma e dá nisso

saudade.
tão saborosa que parece até tempero.
sal.
a gosto.

café-nicotinado?
tão viciante quanto qualquer esfumaça que os outros possam produzir.

música.
habita-me e só.

e no final das contas tudo parece ser "uma combinação mortífera de delícia com coisa boa".

6 de maio de 2007

Sele Santos Campeao!!!!

desculpe, mas fazer o que?

tá certo que estes últimos dois jogos foram péssimos pro Santos, mas campeao é campeao.

5 de maio de 2007

Maio Chegou

E eu zumzumbiei até aqui só para dizer isso. E outras coisas tumbém.

Senti sua falta. Muitos foram os motivos. Talvez porque esta casa fica tão vazia sem sua presença. Ao acordar de manhã, ver-me no espelho e perceber o quanto quero ser parecida contigo. Nestes dias funestos, eu levantava e nao tinha motivos para ter um bom dia. O café gostoso, que só você faz, tava muito doce ou muito fraco. Era feito por outros. A concentração habitual fora parar nas cucuias!

Foram onze dias no hospital. Sem você pra brigar comigo, pq nao te dou muita atenção. Vendo foto de quando viajamos juntas e sentindo o seu perfume (o mesmo que eu uso). Com isso, fiquei vazia. Mesmo sabendo que quando você foi parar naquele lugar, nao havia muita preocupação, mas mesmo assim me sentia preocupada.

Como foi bao te buscar ontem. Ver que a camisola do hospital tinha ficado pra traz e só dia onze você voltará a vesti-la, para depois nunca mais. Sei que depois que tudo acabar, você vai voltar pra casa e correr direto pro trabalho. Como fez hoje. Mas que o café da manhã vai voltar a ter o seu cheiro, e o banheiro também irá. Bão mesmo é acordar no domingo escutando aquele devd do Dire Straits que a senhora sempre coloca de manha cedo. Como é bão ter uma mãe. E sentir falta faz ter certeza que a minha é tudo pra mim. E sempre será.