Velho, cerca de uns setenta e dois. Alto, mais ou menos um e oitenta. Cabelo e barba curta, ambos grisalhos. Olhos amendoados e jeitao porreta. Esse é Severino, que anda pra cima e pra baixo no Hospital. Tem muitas manias que ninguém sabe porque as comete. O que se sabe é que de tanto fazer se tornou cômico, para nao dizer tragico.
Severino é um senhor bacana e nao tem pinta de bacana. Ranca a roupa, mija na calça e come as fraudas. O tempo todo tem neguinho e branquinho gritando no corredor: '- Vai pra lá, Severino!'. Mas ele nao vai. Tem muito o que fazer ali. Já tentaram de todas as formas, descobrir de onde diacho o bicho veio. O que se sabe é que no domingo ele baixou por lá de carona com os bombeiros. Tava como naquela velha música de vitrola: maltrapilho e maltratado. O mais importante é que ele tava com saúde. Ou quase isso.
O quadro de desnutrição era grave. Muito magro, Severino nao soube nem o que por ali fazia. Toda hora levanta e aí é um fuzuê danado. E lá vem gente gritando: 'O home nao queta!' Antonte de madrugada inventou que queria comprar pao. Iracema foi logo reclamando: "se aquete, home! Tem pao qui nao!". As enfermeiras ficam danadinhas quando o veem dançando no corredor. "Gosto mesmo é do Cauby, mas tem quela música do moacyr que num sei de cor, mas é bôa". E lá vai a valsa maluca de enfermeiras, médicos e seguranças pelo corredor pra fazer Severino ficar quietinho na dele.
No hospital os doentes e internados são o que há. Dos mais afoitos pela cura milagrosa, e rápida (diga-se de passagem), a funcionários mal-humorados e cheios de trabalhos. Os guardinhas são os que mais sofrem, com reclamações dos que ainda estao para entrar e pedidos de socorro contra Severino. E eles já conversaram tanto, com nosso personagem. Tem hora que parece que finalmente descobrirao de onde o homem é. Mas aí, severino guarda uma na manga e deixa a todos muito consternados.
Já falou que morava no Recanto (o das Emas), na Samamba, no Gama, em pirinópolis... Ops, este lugar ele ainda nao falou. Mas com certeza vai falar. E como fala! Homem de Deus, que severino não deixa a pobre Iracema dormir. E quase que a vaca foi pro brejo na noitinha de segunda. O velho chegou de mancinho por trás da maca de Iracema e começou a cutucar a onça com vara curta. Puxou o soro, pegou as chinelas cor-de-rosa, fez até xixi no pé da cama. Mas aí Regiany, que estava de plantao, o pegou pelo braço e ameaçou: "Ou queta, ou vai pro banho!". E nao é que deu resultado!
Mas alegria de pobre dura pouco, e severino teve alta na terça a tardinha. Muitos gritaram graças aos céus por terem protegido o resta da semana, das malcriações de uma criança com barba. Outros preferiram se abster de comentários, que certamente, estavam cheios de malidicencias. Enquanto uns e outros sentirao saudades do rapaz, que alem de mal cheiro, trouxe um pouco de diversao para as tardes monotonas daquele Hospicio. Perae, olhe lá! E nao é que Severino, que de nordestino nao tem nada, já voltou do cangaço e deseja repolsar! Vê se pode? Hospital virar dormitório, vê se pode...
Severino é um senhor bacana e nao tem pinta de bacana. Ranca a roupa, mija na calça e come as fraudas. O tempo todo tem neguinho e branquinho gritando no corredor: '- Vai pra lá, Severino!'. Mas ele nao vai. Tem muito o que fazer ali. Já tentaram de todas as formas, descobrir de onde diacho o bicho veio. O que se sabe é que no domingo ele baixou por lá de carona com os bombeiros. Tava como naquela velha música de vitrola: maltrapilho e maltratado. O mais importante é que ele tava com saúde. Ou quase isso.
O quadro de desnutrição era grave. Muito magro, Severino nao soube nem o que por ali fazia. Toda hora levanta e aí é um fuzuê danado. E lá vem gente gritando: 'O home nao queta!' Antonte de madrugada inventou que queria comprar pao. Iracema foi logo reclamando: "se aquete, home! Tem pao qui nao!". As enfermeiras ficam danadinhas quando o veem dançando no corredor. "Gosto mesmo é do Cauby, mas tem quela música do moacyr que num sei de cor, mas é bôa". E lá vai a valsa maluca de enfermeiras, médicos e seguranças pelo corredor pra fazer Severino ficar quietinho na dele.
No hospital os doentes e internados são o que há. Dos mais afoitos pela cura milagrosa, e rápida (diga-se de passagem), a funcionários mal-humorados e cheios de trabalhos. Os guardinhas são os que mais sofrem, com reclamações dos que ainda estao para entrar e pedidos de socorro contra Severino. E eles já conversaram tanto, com nosso personagem. Tem hora que parece que finalmente descobrirao de onde o homem é. Mas aí, severino guarda uma na manga e deixa a todos muito consternados.
Já falou que morava no Recanto (o das Emas), na Samamba, no Gama, em pirinópolis... Ops, este lugar ele ainda nao falou. Mas com certeza vai falar. E como fala! Homem de Deus, que severino não deixa a pobre Iracema dormir. E quase que a vaca foi pro brejo na noitinha de segunda. O velho chegou de mancinho por trás da maca de Iracema e começou a cutucar a onça com vara curta. Puxou o soro, pegou as chinelas cor-de-rosa, fez até xixi no pé da cama. Mas aí Regiany, que estava de plantao, o pegou pelo braço e ameaçou: "Ou queta, ou vai pro banho!". E nao é que deu resultado!
Mas alegria de pobre dura pouco, e severino teve alta na terça a tardinha. Muitos gritaram graças aos céus por terem protegido o resta da semana, das malcriações de uma criança com barba. Outros preferiram se abster de comentários, que certamente, estavam cheios de malidicencias. Enquanto uns e outros sentirao saudades do rapaz, que alem de mal cheiro, trouxe um pouco de diversao para as tardes monotonas daquele Hospicio. Perae, olhe lá! E nao é que Severino, que de nordestino nao tem nada, já voltou do cangaço e deseja repolsar! Vê se pode? Hospital virar dormitório, vê se pode...
2 comentários:
vê-se! parece que pode!
a Alegria voltou!
digam ÊÊê: Êêêêêê \o/
saudades de ti garotona!
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