Foram dois dias do mês de abril. Duas exibições no mesmo auditório, o do bloco K da Universidade Católica, uma de manhã e outra a noite, mas que mexeram com o conceito do nosso papel na comunidade. Mexeram? Sim, e pretendo apresentar o porquê. Fui convidada para a primeira sessão, a de terça de manhã. Já havia assistido ao filme, acompanhado na mídia as matérias sobre o livro de Fernando Braga – que inspirou o filme -, debatido com colegas sobre como passamos despercebidos por uns, enquanto outros nos percebem. Mas confesso que assistir novamente, desta vez como convidada, foi uma experiência nova.
Resultado: me empolguei tanto que resolvi aparecer na segunda exibição, para preencher as cadeiras que poderiam estar vazias. Mas, felizmente, não estavam. No curso de comunicação, durante estes últimos quatro anos de estudante, vi pouca gente se mobilizar para assistir um filme do Cine Br, ou ainda para participar de debates sobre uma ou outra disciplina sem necessariamente estar correndo atrás de faltas ou pontos extras dos professores. Este ano de 2007 tem me assustado por isso. Muita gente começou a ‘aparecer’, sair do anonimato dos corredores e ser um atuante no curso que escolheu e na vida que pretende levar como comunicador.
Talvez seja por isso que a reação depois do filme se tornou marcante. Era evidente nos rostos de cada pessoa, a transformação obtida através da análise que aquela rotina apresentou. No filme, dona Irene, seu Nilce, Fernando e dona Maria não atuaram como personagens, foram entrelaçados em nossas vidas. Ali na tela grande, eles foram percebidos. Não eram apenas garis, mas pessoas dividindo com câmeras um dia de trabalho, os preconceitos da profissão, além de um pouco de si mesmos, como num divã. Só que, desta vez, o médico está representado nos milhares de espectadores.
O convite dos alunos foi dirigido a quem estava por perto, mas que por uma razão ou outra não é devidamente notado. Na primeira sessão os alunos se esmeraram convidando muitos funcionários da limpeza, que provavelmente, nem eles haviam percebido que tinham um nome e história. Esta última muito bem relatada pelo tão querido “tio da pipoca”, que compartilhou sua experiência de ter uma alcunha, mas de poucos saberem o nome. Parentes e pessoas próximas também estavam lá, como a Sueli, pedagoga e secretária do curso, que presenciou a entrada e saída de diversos alunos. Tantos invisíveis que não poderiam caber em uma lista. Pessoas que preferiram serem 'sem nomes', enquanto outros muitos buscam o próprio lugar.
A partir de hoje, talvez, muitos dos que assistiram ao filme O Homem Invisível poderão olhar para o colega da sala de aula que nunca atreveram a perguntar o nome, e sorrir. Verão que a “tia” que faz a limpeza no corredor do CRTV no turno vespertino se chama Sônia. Saberão que Liberato é o nome do tio da pipoca, e que talvez o nome da professora de Elementos de Realidade Regional e Brasileira, disciplina do quarto periodo do curso de comunicação da Católica, que passou um semestre inteiro a ensinar e mostrar novos caminhos do cotidiano se chama Ivany. Veremos.
4 comentários:
VC PODERIA TER FEITO UMA matérinha pra gente colocar no site do curso! achei a proposta da Ivany fantastica, e pelo que coletei de informção na "rádio corredor " foi um trabalho que provocou muita reflexão e descobrimentos
sou uma bobona mesmo. fiquei perdidinha com a mame no hospital e só voltei a escrever agora... mas da proxima eu acerto no alvo, cê vai ver lila!
-"No curso de comunicação, durante estes últimos quatro anos de estudante, vi pouca gente se mobilizar para assistir um filme do Cine Br". Homem Aranha tosco, viva o cinema pipocão.
-"Muita gente começou a ‘aparecer’, sair do anonimato". Verdade, há muito não via um comentário seu.
-"Este ano de 2007 tem me assustado por isso. Muita gente começou a ‘aparecer’". Diga-se de passagem, não sabia que você ainda vivia.
P.s.1: Fotos legais.
P.s.2: Não sabia que ainda escreviam em português na Internet.
P.s.3: O papa também solta laser com os olhos, o que (também) faz dele melhor que muitas pessoas, mas isso é outra história...
ô pandaaaaaaaa, êêê!
saudades dos seus comentários, rapaz!
viva los pandas, não?
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